Me cansei de patacoadas
E fandango sem rodeios
Tardes de falsos campeiros
E montão contra o confreio
Chega de brutalidades
De rasgar cavalo ao meio
Porque cavalo e gaúcho
Desta pátria são esteio
Quem sou eu sem meu cavalo
O que será dele sem mim
Talvez dois seres perdidos
A vagar pelo capim
Quem sou eu sem meu cavalo
O que será dele sem mim
Porque quando morre um cavalo
Morre um pedaço de mim
Nunca se monta num potro
Sem antes amanuncia-lo
Parceiro a gente conquista
Não prende a força de piago
Tem que respeitar o amigo
Que nos serve de regalo
até nossa independeria
Foi feita sobre o cavalo
Quem sou eu sem meu cavalo
O que será dele sem mim
Talvez dois seres perdidos
A vagar pelo capim
Quem sou eu sem meu cavalo
O que será dele sem mim
Porque quando morre um cavalo
Morre um pedaço de mim
Um gaúcho sem cavalo
É um arreio sem estribo
É igual a um pajé solito
Sentindo a falta da tribo
É mutante sem destino
Que não acha lenitivo
É um ser sem ideal
Que não honra o chão nativo
Quem sou eu sem meu cavalo
O que será dele sem mim
Talvez dois seres perdidos
A vagar pelo capim
Quem sou eu sem meu cavalo
O que será dele sem mim
Porque quando morre um cavalo
Morre um pedaço de mim
Quem sou eu sem meu cavalo
O que será dele sem mim
Talvez dois seres perdidos
A vagar pelo capim
Quem sou eu sem meu cavalo
O que será dele sem mim
Porque quando morre um cavalo
Morre um pedaço de mim
quinta-feira, 29 de março de 2012
Vaneira Pra Três Pandeiros
Venho de longe
Lá do garrão do pago
Louco pra fazer um estrago
Nas ancas da fandangueira
Chega bem loque
Pra dormir só nos pelegos
Eu preciso é de um achego
Da china cafundaneira
Pião de estância
Não tem tempo pra namoro
To igual um burro chôro
Quando vê uma parregueira
Já faz um tempo
Que eu não me atraco na dança
Vou queimar graça da pança
Nos cabo de uma vaneira
Chacoalha os quartos
Que eu tô de casco aparado
Tô botando pros dois lados
Tô encharcando o bacheiro
Revira o bucho
Dessa gaita bagaceira
E me toque uma vaneira
Daquela pra três pandeiros
E vô direto pro rancho
Da Brasilina
No bafo da Cangibrina
Me acerto com a missioneira
Bailando solto
Vou entretendo a guria
Falando com quicardia
Vou ajeitando a carreira
Agarro a china
Num abraço bem cuiúdo
Lá vou pisando miúdo
Pois a moça é dançadeira
É fim de baile
Gaiteiro deixa de manha
Já te paguei 12 canha
Então me toque outra vaneira
Lá do garrão do pago
Louco pra fazer um estrago
Nas ancas da fandangueira
Chega bem loque
Pra dormir só nos pelegos
Eu preciso é de um achego
Da china cafundaneira
Pião de estância
Não tem tempo pra namoro
To igual um burro chôro
Quando vê uma parregueira
Já faz um tempo
Que eu não me atraco na dança
Vou queimar graça da pança
Nos cabo de uma vaneira
Chacoalha os quartos
Que eu tô de casco aparado
Tô botando pros dois lados
Tô encharcando o bacheiro
Revira o bucho
Dessa gaita bagaceira
E me toque uma vaneira
Daquela pra três pandeiros
E vô direto pro rancho
Da Brasilina
No bafo da Cangibrina
Me acerto com a missioneira
Bailando solto
Vou entretendo a guria
Falando com quicardia
Vou ajeitando a carreira
Agarro a china
Num abraço bem cuiúdo
Lá vou pisando miúdo
Pois a moça é dançadeira
É fim de baile
Gaiteiro deixa de manha
Já te paguei 12 canha
Então me toque outra vaneira
No clarão da lua ( Garotos de Ouro )
Ai, ai, ai
Sou um castelo de areia sem você que a onda bate e ele cai
Eu sou poeira e tempestade sem destino que não sabe aonde vai
Sem você estou perdido
Agora estou aqui
Quero viver aquele amor de novo
Reascender a chama desse fogo que o vento soprou
Pra te beijar sobre o olhar da lua
Nós dois apaixonados pela rua num filme de amor
Ai,ai,ai
Sou um castelo de areia sem você que a onda bete ele cai
Eu sou poeira e tempestade sem destino que não sabe a onde vai
Sem você estou perdido
Me da teu beijo vai
Me da carinho vai
Me queira de novo
Me da teu colo vai
Da mais um pouco vai desse amor gostoso
Deixa meu beijo te acender
Deixa eu te amar no clarão da lua
E quando o dia amanhecer o sol vai aquecer duas pessoas nuas
Deixa eu mostrar que meu amor é de uma fonte infinita que nunca se acaba
E ainda tenho muito fogo pra te aquecer no frio da madrugada.
Sou um castelo de areia sem você que a onda bate e ele cai
Eu sou poeira e tempestade sem destino que não sabe aonde vai
Sem você estou perdido
Agora estou aqui
Quero viver aquele amor de novo
Reascender a chama desse fogo que o vento soprou
Pra te beijar sobre o olhar da lua
Nós dois apaixonados pela rua num filme de amor
Ai,ai,ai
Sou um castelo de areia sem você que a onda bete ele cai
Eu sou poeira e tempestade sem destino que não sabe a onde vai
Sem você estou perdido
Me da teu beijo vai
Me da carinho vai
Me queira de novo
Me da teu colo vai
Da mais um pouco vai desse amor gostoso
Deixa meu beijo te acender
Deixa eu te amar no clarão da lua
E quando o dia amanhecer o sol vai aquecer duas pessoas nuas
Deixa eu mostrar que meu amor é de uma fonte infinita que nunca se acaba
E ainda tenho muito fogo pra te aquecer no frio da madrugada.
Vaneira das missões
Garotos de Ouro
Abro essa gaita pra tocar uma vaneira dessas vaneiras que se tocam nas missões
Que tem a mescla daquela terra vermelha sangue que corre nas veias das tradições
Essa cadência dos fandangos missioneiros ficou guardada no eco de um sapucai
Pois diz a lenda que o gemido deste fole se fez remanso nas enchentes do Uruguai
(São os acordes do pulsar desta querência
E a convivência vai pealando os corações
Bis
Quando um gaúcho leva o pampa num abraço
Neste compasso da vaneira das missões)
Int.
A voz da gaita que namora as reduções escaramuça nas andanças dos tropeiros
Num repicar dos sinos de São Miguel e os acordes primitivos ervateiros
É bem por isso que este canto refloresce e a luz de lua abençoa os namorados
Nesta vaneira que embala e nos anima e que aproxima os corares apaixonados
( )Int.
Esta vaneira das missões tem ressonâncias das pregações de Antônio Sete e São João
Numa cultura missioneira preservada com sentimentos que brotam do coração
Levo os rangidos dos engenhos da palmeira águas que correm no rio Ijuí
Nesta vaneira a noite se ilumina pelas clareiras da luz de Tuparandi
Abro essa gaita pra tocar uma vaneira dessas vaneiras que se tocam nas missões
Que tem a mescla daquela terra vermelha sangue que corre nas veias das tradições
Essa cadência dos fandangos missioneiros ficou guardada no eco de um sapucai
Pois diz a lenda que o gemido deste fole se fez remanso nas enchentes do Uruguai
(São os acordes do pulsar desta querência
E a convivência vai pealando os corações
Bis
Quando um gaúcho leva o pampa num abraço
Neste compasso da vaneira das missões)
Int.
A voz da gaita que namora as reduções escaramuça nas andanças dos tropeiros
Num repicar dos sinos de São Miguel e os acordes primitivos ervateiros
É bem por isso que este canto refloresce e a luz de lua abençoa os namorados
Nesta vaneira que embala e nos anima e que aproxima os corares apaixonados
( )Int.
Esta vaneira das missões tem ressonâncias das pregações de Antônio Sete e São João
Numa cultura missioneira preservada com sentimentos que brotam do coração
Levo os rangidos dos engenhos da palmeira águas que correm no rio Ijuí
Nesta vaneira a noite se ilumina pelas clareiras da luz de Tuparandi
Semana Farroupilha
"Nossas Raízes"
07 a 20 de setembro de 2012
O temário proposto para os Festejos Farroupilhas 2011 foi aprovado pela Comissão Estadual, no mês de dezembro de 2010 e homologado pelo Congresso Tradicionalista Gaúcha, do MTG, em janeiro de 2011. A proposta é bastante abrangente e tem como objetivo explorar a história do Rio Grande do Sul e buscar, em alguns episódios e períodos, indicadores da identidade do povo gaúcho. Rebuscar a história e retirar dela os aspectos que melhor retratem a formação sócio-cultural do nosso Estado é tarefa que não se esgotas nesse ano de 2011, mas haverá de nos ajudar a entender um pouco mais a nossa identidade cultural regional. Cada município do Estado ou cada microrregião poderá aprofundar um ou mais tópicos entre os que estão sendo propostos neste temário. Esse aprofundamento se dará em função da característica local, especialmente pela predominância ou influencia maior de uma ou de outra etnia. Para bem desenvolver a idéia de explorar as raízes da formação sócio-cultural do gaúcho sul-rio-grandense foram selecionados os seguintes momentos da nossa história:
1. OS JESUÍTAS NO TERRITÓRIO GAÚCHO
As reduções jesuíticas constituídas entre 1626 e 1641. A introdução do gado pelos Pe. Cristovão de Mendonça e Pedro Romero, o que resultou nas vacarias do Mar e dos Pinhais, além do uso do cavalo na lida campesina. Mais tarde, com o retorno dos jesuítas ao território temos a formação dos Sete Povos das Missões. Deste segundo momento podemos explorar a questão da religiosidade, da expansão da erva-mate, as esculturas e a música (1682 a 1756). Importante estudar a Guerra Guaranítica (1754-1756) e suas consequencias.
2. A TERRA DE NINGUEM
O período compreendido entre a chegada dos jesuítas e a chegada dos portugueses caracterizou-se pela ausência de governo, de regramento e de organização mínima daquela “sociedade” que começava a aparecer, com predomínio da exploração do gado e o comércio do couro. Surge aí o tipo humano denominado “gaudério”, depois batizado de gaúcho. Foi nesse período que os portugueses instalaram a Colônia do Sacramento (1680), às margens do Rio da Prata e intensificou-se a movimentação de tropas entre Laguma e o Sacramento, especialmente pelo litoral. Surge, no cenário, Cristóvão Pereira de Abreu que é considerado o primeiro tropeiro. Esse tropeiro abre o primeiro caminho para levar tropas de gado e mulas do Rio Grande do Sul para a Província de São Vicente, hoje São Paulo. Era o início do tropeirismo.
3. FUNDAÇÃO DA PROVÍNCIA
A província de São Pedro do Rio Grande do Sul começa a tomar forma com a chegada de Silva Paes e a fundação de Rio Grande (Forte Jesus-Maria-José) – 1737. Aprofunda-se a iniciativa portuguesa de ocupação do território (também reivindicado pelos espanhóis) com a distribuição de sesmarias e a organização das estâncias. É a partir daí que são plantadas as bases sociais e econômicas do Rio Grande do Sul. Depois de Rio Grande, foi fundado Rio Pardo e, ali, surge a figura de Rafael Pinto Bandeira e sua atividade militar na defesa do território contra as invasões castelhanas: Rio Pardo, a tranqueira Invicta.
4. OS AÇORIANOS E A FUNDAÇÃO DE PORTO ALEGRE
O tratado de Madri (entre Portugal e Espanha) previa a troca da colônia do Sacramento pelos sete Povos das Missões, o que resultou na Guerra Guaranítica. Os portugueses planejaram ocupar as Missões com casais de açorianos e implantar na região uma espécie de colônia agrícola. Os açorianos chegaram a partir de 1754 e não puderam ser enviados para as Missões em função da Guerra, permanecendo na região litorânea e nas proximidades do Porto do Dornelles, fundando o Porto dos Casais, hoje Porto Alegre, a Capital do Estado. Eles ocuparam, também, as margens dos rios Jacuí e Taquari, fundando cidades como Triunfo e São Jerônimo. A agricultura ganhou impulso com os açorianos que se dedicaram ao cultivo de culturas como o trigo, milho e feijão. Os açorianos influem muito na implantação da cultura da família (a clã), até aquele momento praticamente desconhecida pelos habitantes que lidavam com o gado numa vida sem paradeiro. Dos açorianos temos muito das nossas músicas, danças, culinária, fé religiosa e modo de vida.
5. ÉPOCA DAS CHARQUEADAS (1780 – 1840)
A lida com o gado ganha um ingrediente importante a partir das charqueadas. Essa foi a primeira e mais importante indústria do Estado. Por largo período o Estado teve nas charqueadas seu motor econômico mais significativo.É no período das charqueadas que o uso dos rios e lagos como meio de transporte ganha impulso, especialmente entre Porto Alegre e Pelotas. A economia passa a depender da força de trabalho dos negros escravos trazidos para as charqueadas. Foi um período de grande crescimento econômico, especialmente de Pelotas e Rio Grande, mas também foi o período triste se analisado do ponto de vista humanitário ou do direito natural dos homens. Os negros foram tratados como simples animais nas charqueadas.
6. A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA PROVÍNCIA
A província de São Pedro do Rio Grande do Sul somente ganha uma administração própria no ano de 1809. Sob o ponto de vista da administração pública, esse é o momento em que o Estado adquire autonomia. A partir da organização administrativa da Província, a Capital, Porto Alegre, se desenvolve e começa a ganhar contornos de modernidade com o surgimento de prédios e de uma arquitetura própria. Outro episódio importante daquele primeiro quarto do século XIX, é o desaparecimento da província Cisplatina e o surgimento do Uruguai (1828). Destaca-se para isso a Guerra da Cisplatina. O episodio mais significativo dessa guerra foi a Batalha do Passo do Rosário, não somente por ter protagonizado a maior concentração de tropas já vista na America do Sul, mas pelas suas conseqüências políticas.
7. COLONIZAÇÃO – PRIMEIRA FASE
Imprescindível para a compreensão da identidade regional é reconhecer a importância da colonização do território por europeus. Primeiro chegam os alemães. Estabelecidos inicialmente na Real Feitoria do Linho Cânhamo (1825), hoje São Leopoldo, expandiram-se para o norte e oeste, ocupando grande parte dos vales. Foram os alemães que implantaram as primeiras indústrias (artesanato) no território gaúcho. Podemos destacar, além da culinária, também a música, a dança e o espírito do cooperativismo trazido pelos alemães. A nova “ética do trabalho” também se deve aos imigrantes.
7. REVOLUÇÃO FARROUPILHA
Episódio considerado como marco fundador da identidade regional, a Revolução Farroupilha teve início em 1835 com a tomada de Porto Alegre. Vale estudar as causas dessa revolução e o papel que a maçonaria desempenhou no fomento do conflito. A figura de Antonio de Souza Netto que patrocinou a proclamação da República Rio-Grandense (1836) merece ser bem estudada. Bandeira e Hino o hino da República Rio-Grandense foram uma conseqüência da proclamação de Netto. O episódio da tomada de Laguna e a criação da República Catarinense (1839) merecem destaque pelo significado político: os farroupilhas pretendiam implantar no Brasil uma República Federativa, integrada pelas províncias autônomas. O fim da revolta no ano de 1845, sem que os objetivos fossem alcançados, mas com conquistas importantes consubstanciadas naquilo que passou para a história como Paz de Ponche Verde, assinada nos campos de Dom Pedrito.
8. NA DEFESA NACIONAL
A tônica da história do Estado foi a defesa do território contra os interesses castelhanos. A Guerra contra Rosas (1854) é um marco importante nesse mister. Os mesmos farroupilhas que haviam lutado contra o Império Brasileiro foram os que defenderam o Brasil contra as pretensões expansionistas do ditador argentino. A Guerra do Paraguai (1865) foi outro episódio importante. Os gaúchos formaram vários “Corpos de Voluntários da Pátria” para a formação do exército da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), combatendo o Paraguai e seu ditador Solano Lopes. -Depois da Guerra do Paraguai tem início da modernização do Brasil e do Estado, com a implantação das estradas de ferro. Houve a partir de então uma significativa melhora nos transportes e na integração do território.
9. REVOLUÇÃO FEDERALISTA
No ano de 1889 instala-se a República Brasileira. O fim do Império dá início a um novo momento político. No Estado há uma intensa disputa pelo poder. As figuras de Julio de Castilhos e de Gaspar Silveira Martins surgem como estrelas da disputa política o que resultou na Revolução Federalista. A “guerra da degola”. Pica-paus e maragatos mancharam o território com o sangue dos gaúchos. Duas ideologias, duas facções, dois interesses convulsionaram o Estado por dois anos (1894-96). No final, a implantação da administração positivista. No ano de 1892, o Corpo Policial é extinto e no seu lugar surge a Brigada Militar como um exército estadual.
10. A COLONIZAÇÃO – SEGUNDA FASE – COMPLETA-SE O GHAÚCHO
A chegada dos Italianos no ano de 1875 marca a ocupação do último grande espaço territorial: a serra. Com sua força de trabalho, os italianos plantam cidades e imprimem um novo ritmo para a economia do Estado. Culturalmente contribuem com as suas danças, música, culinária, festas de comunidade e crença religiosa. Nesse período temos também a chegada de imigrantes Poloneses, Holandeses, ucranianos e outros grupos que, se não ocuparam grandes áreas, foram e são até hoje importantes para muitas comunidades do Estado. Neste ano de 2011 comemora-se o centenário da imigração Holandesa no Brasil. É o ano da Holanda no Brasil.
11. GAUCHISMO: CULTO E PRÁTICA
A identidade gauchesca começa a ser estudada, compreendida e difundida, mesmo que de forma romântica, com o surgimento do Partenon Literário em Porto Alegre (1858). Foi naquela “confraria” que surgiram os primeiros escritores e poetas valorizando o gaúcho e sua cultura. Mais tarde surge a figura de João Cezimbra Jacques que capitaneou a fundação do Grêmio Gaúcho (1898). Foi essa a primeira iniciativa de organização social, como um clube, para resgatar e preservar aspectos importantes da cultura gauchesca. Em seguida foi a vez de João Simões Lopes Neto fundar a União Gaúcha de Pelotas (1899), seguindo-se uma série de clubes gauchescos pelo Estado. Foi no ano de 1947 que toda a experiência acumulada desde o Partenon Literário, que resultou na primeira Ronda Gaúcha no Colégio Julio de Castilhos, o episódio de 5 de setembro com “O Grupo dos 8” e, depois, já no ano de 1948 o surgimento do 35 CTG que deu o modelo seguido por inúmeros outros Centros de Tradições no Estado e fora dele. Hoje são mais de 3.000 CTGs, espalhados pelo mundo, reunindo pessoas (gaúchos sul-rio-grandenses e outros gaúchos) cultuando, valorizando e difundindo a cultura gauchesca e consolidando a identidade do gaúcho, fruto da sua trajetória histórica. O gaúcho é um tipo cultural, formado por inúmeras etnias e aspectos culturais herdados dos índios, espanhóis, portugueses, negros, açorianos, alemães, italianos, poloneses, holandeses ... e mestiços de toda ordem.
07 a 20 de setembro de 2012
O temário proposto para os Festejos Farroupilhas 2011 foi aprovado pela Comissão Estadual, no mês de dezembro de 2010 e homologado pelo Congresso Tradicionalista Gaúcha, do MTG, em janeiro de 2011. A proposta é bastante abrangente e tem como objetivo explorar a história do Rio Grande do Sul e buscar, em alguns episódios e períodos, indicadores da identidade do povo gaúcho. Rebuscar a história e retirar dela os aspectos que melhor retratem a formação sócio-cultural do nosso Estado é tarefa que não se esgotas nesse ano de 2011, mas haverá de nos ajudar a entender um pouco mais a nossa identidade cultural regional. Cada município do Estado ou cada microrregião poderá aprofundar um ou mais tópicos entre os que estão sendo propostos neste temário. Esse aprofundamento se dará em função da característica local, especialmente pela predominância ou influencia maior de uma ou de outra etnia. Para bem desenvolver a idéia de explorar as raízes da formação sócio-cultural do gaúcho sul-rio-grandense foram selecionados os seguintes momentos da nossa história:
1. OS JESUÍTAS NO TERRITÓRIO GAÚCHO
As reduções jesuíticas constituídas entre 1626 e 1641. A introdução do gado pelos Pe. Cristovão de Mendonça e Pedro Romero, o que resultou nas vacarias do Mar e dos Pinhais, além do uso do cavalo na lida campesina. Mais tarde, com o retorno dos jesuítas ao território temos a formação dos Sete Povos das Missões. Deste segundo momento podemos explorar a questão da religiosidade, da expansão da erva-mate, as esculturas e a música (1682 a 1756). Importante estudar a Guerra Guaranítica (1754-1756) e suas consequencias.
2. A TERRA DE NINGUEM
O período compreendido entre a chegada dos jesuítas e a chegada dos portugueses caracterizou-se pela ausência de governo, de regramento e de organização mínima daquela “sociedade” que começava a aparecer, com predomínio da exploração do gado e o comércio do couro. Surge aí o tipo humano denominado “gaudério”, depois batizado de gaúcho. Foi nesse período que os portugueses instalaram a Colônia do Sacramento (1680), às margens do Rio da Prata e intensificou-se a movimentação de tropas entre Laguma e o Sacramento, especialmente pelo litoral. Surge, no cenário, Cristóvão Pereira de Abreu que é considerado o primeiro tropeiro. Esse tropeiro abre o primeiro caminho para levar tropas de gado e mulas do Rio Grande do Sul para a Província de São Vicente, hoje São Paulo. Era o início do tropeirismo.
3. FUNDAÇÃO DA PROVÍNCIA
A província de São Pedro do Rio Grande do Sul começa a tomar forma com a chegada de Silva Paes e a fundação de Rio Grande (Forte Jesus-Maria-José) – 1737. Aprofunda-se a iniciativa portuguesa de ocupação do território (também reivindicado pelos espanhóis) com a distribuição de sesmarias e a organização das estâncias. É a partir daí que são plantadas as bases sociais e econômicas do Rio Grande do Sul. Depois de Rio Grande, foi fundado Rio Pardo e, ali, surge a figura de Rafael Pinto Bandeira e sua atividade militar na defesa do território contra as invasões castelhanas: Rio Pardo, a tranqueira Invicta.
4. OS AÇORIANOS E A FUNDAÇÃO DE PORTO ALEGRE
O tratado de Madri (entre Portugal e Espanha) previa a troca da colônia do Sacramento pelos sete Povos das Missões, o que resultou na Guerra Guaranítica. Os portugueses planejaram ocupar as Missões com casais de açorianos e implantar na região uma espécie de colônia agrícola. Os açorianos chegaram a partir de 1754 e não puderam ser enviados para as Missões em função da Guerra, permanecendo na região litorânea e nas proximidades do Porto do Dornelles, fundando o Porto dos Casais, hoje Porto Alegre, a Capital do Estado. Eles ocuparam, também, as margens dos rios Jacuí e Taquari, fundando cidades como Triunfo e São Jerônimo. A agricultura ganhou impulso com os açorianos que se dedicaram ao cultivo de culturas como o trigo, milho e feijão. Os açorianos influem muito na implantação da cultura da família (a clã), até aquele momento praticamente desconhecida pelos habitantes que lidavam com o gado numa vida sem paradeiro. Dos açorianos temos muito das nossas músicas, danças, culinária, fé religiosa e modo de vida.
5. ÉPOCA DAS CHARQUEADAS (1780 – 1840)
A lida com o gado ganha um ingrediente importante a partir das charqueadas. Essa foi a primeira e mais importante indústria do Estado. Por largo período o Estado teve nas charqueadas seu motor econômico mais significativo.É no período das charqueadas que o uso dos rios e lagos como meio de transporte ganha impulso, especialmente entre Porto Alegre e Pelotas. A economia passa a depender da força de trabalho dos negros escravos trazidos para as charqueadas. Foi um período de grande crescimento econômico, especialmente de Pelotas e Rio Grande, mas também foi o período triste se analisado do ponto de vista humanitário ou do direito natural dos homens. Os negros foram tratados como simples animais nas charqueadas.
6. A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA PROVÍNCIA
A província de São Pedro do Rio Grande do Sul somente ganha uma administração própria no ano de 1809. Sob o ponto de vista da administração pública, esse é o momento em que o Estado adquire autonomia. A partir da organização administrativa da Província, a Capital, Porto Alegre, se desenvolve e começa a ganhar contornos de modernidade com o surgimento de prédios e de uma arquitetura própria. Outro episódio importante daquele primeiro quarto do século XIX, é o desaparecimento da província Cisplatina e o surgimento do Uruguai (1828). Destaca-se para isso a Guerra da Cisplatina. O episodio mais significativo dessa guerra foi a Batalha do Passo do Rosário, não somente por ter protagonizado a maior concentração de tropas já vista na America do Sul, mas pelas suas conseqüências políticas.
7. COLONIZAÇÃO – PRIMEIRA FASE
Imprescindível para a compreensão da identidade regional é reconhecer a importância da colonização do território por europeus. Primeiro chegam os alemães. Estabelecidos inicialmente na Real Feitoria do Linho Cânhamo (1825), hoje São Leopoldo, expandiram-se para o norte e oeste, ocupando grande parte dos vales. Foram os alemães que implantaram as primeiras indústrias (artesanato) no território gaúcho. Podemos destacar, além da culinária, também a música, a dança e o espírito do cooperativismo trazido pelos alemães. A nova “ética do trabalho” também se deve aos imigrantes.
7. REVOLUÇÃO FARROUPILHA
Episódio considerado como marco fundador da identidade regional, a Revolução Farroupilha teve início em 1835 com a tomada de Porto Alegre. Vale estudar as causas dessa revolução e o papel que a maçonaria desempenhou no fomento do conflito. A figura de Antonio de Souza Netto que patrocinou a proclamação da República Rio-Grandense (1836) merece ser bem estudada. Bandeira e Hino o hino da República Rio-Grandense foram uma conseqüência da proclamação de Netto. O episódio da tomada de Laguna e a criação da República Catarinense (1839) merecem destaque pelo significado político: os farroupilhas pretendiam implantar no Brasil uma República Federativa, integrada pelas províncias autônomas. O fim da revolta no ano de 1845, sem que os objetivos fossem alcançados, mas com conquistas importantes consubstanciadas naquilo que passou para a história como Paz de Ponche Verde, assinada nos campos de Dom Pedrito.
8. NA DEFESA NACIONAL
A tônica da história do Estado foi a defesa do território contra os interesses castelhanos. A Guerra contra Rosas (1854) é um marco importante nesse mister. Os mesmos farroupilhas que haviam lutado contra o Império Brasileiro foram os que defenderam o Brasil contra as pretensões expansionistas do ditador argentino. A Guerra do Paraguai (1865) foi outro episódio importante. Os gaúchos formaram vários “Corpos de Voluntários da Pátria” para a formação do exército da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), combatendo o Paraguai e seu ditador Solano Lopes. -Depois da Guerra do Paraguai tem início da modernização do Brasil e do Estado, com a implantação das estradas de ferro. Houve a partir de então uma significativa melhora nos transportes e na integração do território.
9. REVOLUÇÃO FEDERALISTA
No ano de 1889 instala-se a República Brasileira. O fim do Império dá início a um novo momento político. No Estado há uma intensa disputa pelo poder. As figuras de Julio de Castilhos e de Gaspar Silveira Martins surgem como estrelas da disputa política o que resultou na Revolução Federalista. A “guerra da degola”. Pica-paus e maragatos mancharam o território com o sangue dos gaúchos. Duas ideologias, duas facções, dois interesses convulsionaram o Estado por dois anos (1894-96). No final, a implantação da administração positivista. No ano de 1892, o Corpo Policial é extinto e no seu lugar surge a Brigada Militar como um exército estadual.
10. A COLONIZAÇÃO – SEGUNDA FASE – COMPLETA-SE O GHAÚCHO
A chegada dos Italianos no ano de 1875 marca a ocupação do último grande espaço territorial: a serra. Com sua força de trabalho, os italianos plantam cidades e imprimem um novo ritmo para a economia do Estado. Culturalmente contribuem com as suas danças, música, culinária, festas de comunidade e crença religiosa. Nesse período temos também a chegada de imigrantes Poloneses, Holandeses, ucranianos e outros grupos que, se não ocuparam grandes áreas, foram e são até hoje importantes para muitas comunidades do Estado. Neste ano de 2011 comemora-se o centenário da imigração Holandesa no Brasil. É o ano da Holanda no Brasil.
11. GAUCHISMO: CULTO E PRÁTICA
A identidade gauchesca começa a ser estudada, compreendida e difundida, mesmo que de forma romântica, com o surgimento do Partenon Literário em Porto Alegre (1858). Foi naquela “confraria” que surgiram os primeiros escritores e poetas valorizando o gaúcho e sua cultura. Mais tarde surge a figura de João Cezimbra Jacques que capitaneou a fundação do Grêmio Gaúcho (1898). Foi essa a primeira iniciativa de organização social, como um clube, para resgatar e preservar aspectos importantes da cultura gauchesca. Em seguida foi a vez de João Simões Lopes Neto fundar a União Gaúcha de Pelotas (1899), seguindo-se uma série de clubes gauchescos pelo Estado. Foi no ano de 1947 que toda a experiência acumulada desde o Partenon Literário, que resultou na primeira Ronda Gaúcha no Colégio Julio de Castilhos, o episódio de 5 de setembro com “O Grupo dos 8” e, depois, já no ano de 1948 o surgimento do 35 CTG que deu o modelo seguido por inúmeros outros Centros de Tradições no Estado e fora dele. Hoje são mais de 3.000 CTGs, espalhados pelo mundo, reunindo pessoas (gaúchos sul-rio-grandenses e outros gaúchos) cultuando, valorizando e difundindo a cultura gauchesca e consolidando a identidade do gaúcho, fruto da sua trajetória histórica. O gaúcho é um tipo cultural, formado por inúmeras etnias e aspectos culturais herdados dos índios, espanhóis, portugueses, negros, açorianos, alemães, italianos, poloneses, holandeses ... e mestiços de toda ordem.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Reza xucra
Reza Chucra
Alcy Cheuiche
Perdoe Virgem Maria
Por lhe tomar atenção,
Envolvendo um coração
Tão puro e tão adorado,
Nesta miséria qu'eu trago,
Que arrasto, é melhor que diga,
Por esta terra inimiga,
Onde nunca fui amado.
A Senhora bem se lembra
Que nem sempre foi assim...
Embora não fosse em mim
Que a fortuna tinha ninho,
Eu bem que tive carinho
E uma mulher cuidadosa
Que me deixava de jeito,
Um lenço branco no peito,
A bombacha bem limpinha,
Quando para a igreja eu vinha,
No tempo qu'eu fui feliz.
Agora olhe pra mim.
Veja esta roupa rasgada
Qu'eu carrego com vergonha.
Parece que a gente sonha,
Quando vê que não é nada
Prá dominar o seu vício
Quando eu morava no pago
As vezes tomava um trago
No mais prá molhá a garganta
E agora querida Santa,
Até virei cachaceiro,
Depois que bebo o primeiro
Não há nada que me pare.
E depois até que eu sare
Vem me subindo a cabeça
Toda essa vida passada
E o rosto da minha amada
Enxergo assim como em sonho...
Ó minha Nossa Senhora,
Escute ao menos agora
Um pedido que le faço.
Sei que a morte já me ronda
Pela porteira do rancho...
Até já vejo os caranchos
Rodeando em volta de mim.
Reconheço o meu pecado,
E quando tiver chegado
Lá na fronteira do céu
Vão me apontar outro rumo:
Ovelha com mancha preta
Bota a marca na paleta
Que só serve prá o consumo.
Prá mim não há mais remédio,
Não é prá mim o pedido.
Sou índio chucro vencido
Pelo vício aqui do povo.
Eu peço é pelo meu filho,
Que abandonei lá no pago
Quando a sina de índio vago
Me arrebatou da querência.
Proteja a sua inocência...
Não deixe que o coitadinho
Siga este duro caminho
Que está seguindo seu pai.
Que fique por toda a vida
Grudado naquele chão,
Que resista a tentação
Com toda a força de machd,
Que não morra como guacho
Quando pará o coração.
Alcy Cheuiche
Perdoe Virgem Maria
Por lhe tomar atenção,
Envolvendo um coração
Tão puro e tão adorado,
Nesta miséria qu'eu trago,
Que arrasto, é melhor que diga,
Por esta terra inimiga,
Onde nunca fui amado.
A Senhora bem se lembra
Que nem sempre foi assim...
Embora não fosse em mim
Que a fortuna tinha ninho,
Eu bem que tive carinho
E uma mulher cuidadosa
Que me deixava de jeito,
Um lenço branco no peito,
A bombacha bem limpinha,
Quando para a igreja eu vinha,
No tempo qu'eu fui feliz.
Agora olhe pra mim.
Veja esta roupa rasgada
Qu'eu carrego com vergonha.
Parece que a gente sonha,
Quando vê que não é nada
Prá dominar o seu vício
Quando eu morava no pago
As vezes tomava um trago
No mais prá molhá a garganta
E agora querida Santa,
Até virei cachaceiro,
Depois que bebo o primeiro
Não há nada que me pare.
E depois até que eu sare
Vem me subindo a cabeça
Toda essa vida passada
E o rosto da minha amada
Enxergo assim como em sonho...
Ó minha Nossa Senhora,
Escute ao menos agora
Um pedido que le faço.
Sei que a morte já me ronda
Pela porteira do rancho...
Até já vejo os caranchos
Rodeando em volta de mim.
Reconheço o meu pecado,
E quando tiver chegado
Lá na fronteira do céu
Vão me apontar outro rumo:
Ovelha com mancha preta
Bota a marca na paleta
Que só serve prá o consumo.
Prá mim não há mais remédio,
Não é prá mim o pedido.
Sou índio chucro vencido
Pelo vício aqui do povo.
Eu peço é pelo meu filho,
Que abandonei lá no pago
Quando a sina de índio vago
Me arrebatou da querência.
Proteja a sua inocência...
Não deixe que o coitadinho
Siga este duro caminho
Que está seguindo seu pai.
Que fique por toda a vida
Grudado naquele chão,
Que resista a tentação
Com toda a força de machd,
Que não morra como guacho
Quando pará o coração.
Ave Maria do Peão
Ave Maria do Peão
Odilon Ramos
Ao reponte do sol que descamba
no dia se aprochega para o arremate
pelos campos e nos matos da querência
no revoar da bicharada voltando ao ninho
é hora de recolhimento
No rancho que há no interior de mim mesmo
eu, gaúcho de fé me arrincono e medito
Despindo o poncho da vaidade e do orgulho
tiro o chapéu, apago o pito
e me achego pra uma prosa
com o patrão maior
Na sua presença meu sangue quente de farrapo
se faz manso caudal
entrego-lhe minha alma
afoita de alcançar lonjuras e abrir cancha
em busca do destino
renuncio à minha xucra rebeldia
me faço doce de volta e macio de tranco
para dizer-lhe
Gracias patrão
por tudo que me deste por esta querência Senhor
que meus ancestrais regaram
com seu sangue e que aprendi a amar desde piá
Pelos meus parceiros nessa ronda da vida
sempre de prontidão para me amadrinharem na
campereada mais custosa ou para matearem comigo
na hora do sossego
Reparte com eles, patrão
esta fé que me deste e este orgulho pela minha querência
Ajuda patrão a manter acessa esta chama
concede sempre ao gaúcho a força no braço
e o tino pra saber o que é correto
Dá-nos consciência para preservar a nossa cultura
livre da invasão dos modismos
conserva a essência e a beleza da nossa tradição
E agora, com licença patrão
que vou aproveitar a olada
para um dedo de prosa com
Nossa Senhora.
Ave Maria primeira prenda do céu
contigo está o Senhor, na estância maior
tu és bendita entre todas as prendas
e bendito é o piá que trouxeste ao mundo, Jesus
Maria, mãe de Deus
E mãe de todos nós
roga pela querência e pelos gaudérios
que aqui moram nesta hora e no instante
da última cavalgada
Amém.
Odilon Ramos
Ao reponte do sol que descamba
no dia se aprochega para o arremate
pelos campos e nos matos da querência
no revoar da bicharada voltando ao ninho
é hora de recolhimento
No rancho que há no interior de mim mesmo
eu, gaúcho de fé me arrincono e medito
Despindo o poncho da vaidade e do orgulho
tiro o chapéu, apago o pito
e me achego pra uma prosa
com o patrão maior
Na sua presença meu sangue quente de farrapo
se faz manso caudal
entrego-lhe minha alma
afoita de alcançar lonjuras e abrir cancha
em busca do destino
renuncio à minha xucra rebeldia
me faço doce de volta e macio de tranco
para dizer-lhe
Gracias patrão
por tudo que me deste por esta querência Senhor
que meus ancestrais regaram
com seu sangue e que aprendi a amar desde piá
Pelos meus parceiros nessa ronda da vida
sempre de prontidão para me amadrinharem na
campereada mais custosa ou para matearem comigo
na hora do sossego
Reparte com eles, patrão
esta fé que me deste e este orgulho pela minha querência
Ajuda patrão a manter acessa esta chama
concede sempre ao gaúcho a força no braço
e o tino pra saber o que é correto
Dá-nos consciência para preservar a nossa cultura
livre da invasão dos modismos
conserva a essência e a beleza da nossa tradição
E agora, com licença patrão
que vou aproveitar a olada
para um dedo de prosa com
Nossa Senhora.
Ave Maria primeira prenda do céu
contigo está o Senhor, na estância maior
tu és bendita entre todas as prendas
e bendito é o piá que trouxeste ao mundo, Jesus
Maria, mãe de Deus
E mãe de todos nós
roga pela querência e pelos gaudérios
que aqui moram nesta hora e no instante
da última cavalgada
Amém.
Ava Maria do Gaúcho
Ave Maria do Gaúcho
Teixeirinha
Ave Maria do Gaúcho quando ele sai campo a fora
Também reza um Padre-Nosso pede pra Nossa Senhora
Pra livrar raio e trovoada temporal vem sem demora
A chinoca lá no rancho também reza nesta hora
Ele apressa sua tropa era boi vamos embora
“Virgem-Santa ouve as preces que ele rezou com fervor
o temporal já se espalha e o céu já muda de cor
ele tira o seu chapéu olha o céu do Redentor
obrigado Virgem-Santa
obrigado meu Senhor
posso voltar pro meu rancho
ver a china meu amor"
Na planície ou na coxilha lá vai um gaúcho andando
Muitas vezes numa restinga tem uma cobra esperando
No estouro de uma tropa ou um boi brabo avançando
Na rodada de um cavalo ou um furacão roncando
Pra livrar destes perigos Ave-Maria vai rezando: era boi!
Primeira prenda do céu Santa-Virgem Imaculada
Protege o gaúcho andando na coxilha ou na canhada
E assim ele prossegue chegar ao fim da jornada
Entra no rancho cantando com a bolsa recheada
Para agradecer a Virgem reza junto a sua amada
Ave-Maria, Ave-Maria abençoada.
na foto acima eu e minha sobrinha Maria Eduarda
Teixeirinha
Ave Maria do Gaúcho quando ele sai campo a fora
Também reza um Padre-Nosso pede pra Nossa Senhora
Pra livrar raio e trovoada temporal vem sem demora
A chinoca lá no rancho também reza nesta hora
Ele apressa sua tropa era boi vamos embora
“Virgem-Santa ouve as preces que ele rezou com fervor
o temporal já se espalha e o céu já muda de cor
ele tira o seu chapéu olha o céu do Redentor
obrigado Virgem-Santa
obrigado meu Senhor
posso voltar pro meu rancho
ver a china meu amor"
Na planície ou na coxilha lá vai um gaúcho andando
Muitas vezes numa restinga tem uma cobra esperando
No estouro de uma tropa ou um boi brabo avançando
Na rodada de um cavalo ou um furacão roncando
Pra livrar destes perigos Ave-Maria vai rezando: era boi!
Primeira prenda do céu Santa-Virgem Imaculada
Protege o gaúcho andando na coxilha ou na canhada
E assim ele prossegue chegar ao fim da jornada
Entra no rancho cantando com a bolsa recheada
Para agradecer a Virgem reza junto a sua amada
Ave-Maria, Ave-Maria abençoada.
na foto acima eu e minha sobrinha Maria Eduarda
Oração do Gaúcho
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e com licença, Patrão Celestial
Vou chegando, despacito, enquanto cevo o amargo de minhas confidências
Porque ao romper da madrugada e o descambar do sol,
preciso camperear por outras invernadas e repontar do céu
A força e a coragem para o entrevero do dia que passa
Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca e rebenque e esporas
Se não se afirma nos arreios da vida, não se estriba na proteção do céu.
Ouve, Patrão Celeste, a oração que te faço.
Ao romper da madrugada e o descambar do sol, tomara que todo o mundo seja como irmão
Ajuda-me a perdoar as afrontas e não fazer aos outros o que não quero pra mim.
Perdoa, meu Senhor, porque rengueando pelas canhadas da fraqueza humana
De quando em vez, quase sem querer, eu me solto porteira afora...
Êta potrilho chucro, renegado e caborteiro...
Mas eu te garanto, meu Senhor, quero ser bom e direito
Ajuda-me Virgem Maria, primeira prenda do céu
Socorre-me São Pedro, capataz da estância gaúcha
Mas pra fim de conversa vou te dizer meu Deus, mas somente pra ti:
Que a tua vontade leve a minha de cabresto pra todo o sempre até a querência do céu.
Amém.
Essa da foto sou eu:
Vou chegando, despacito, enquanto cevo o amargo de minhas confidências
Porque ao romper da madrugada e o descambar do sol,
preciso camperear por outras invernadas e repontar do céu
A força e a coragem para o entrevero do dia que passa
Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca e rebenque e esporas
Se não se afirma nos arreios da vida, não se estriba na proteção do céu.
Ouve, Patrão Celeste, a oração que te faço.
Ao romper da madrugada e o descambar do sol, tomara que todo o mundo seja como irmão
Ajuda-me a perdoar as afrontas e não fazer aos outros o que não quero pra mim.
Perdoa, meu Senhor, porque rengueando pelas canhadas da fraqueza humana
De quando em vez, quase sem querer, eu me solto porteira afora...
Êta potrilho chucro, renegado e caborteiro...
Mas eu te garanto, meu Senhor, quero ser bom e direito
Ajuda-me Virgem Maria, primeira prenda do céu
Socorre-me São Pedro, capataz da estância gaúcha
Mas pra fim de conversa vou te dizer meu Deus, mas somente pra ti:
Que a tua vontade leve a minha de cabresto pra todo o sempre até a querência do céu.
Amém.
Essa da foto sou eu:
Laço perfumado: Oração do laçador
Oração do laçador.
É maravilhoso Senhor, ter braços e mãos perfeitas para segurar o laço, a armada e as rodilhas, quando há tantos mutilados.Obrigado meu Pai, pela visão perfeita que enxerga o boi correr rumo ao brete final, quando há tantos que perderam a luz. Agradeço meu Deus, pela minha voz que pede a solta, quando tantos emudeceram. Deus onipotente e eterno, obrigado pelas minhas pernas que afirmam nos arreios a vida, quando tantos não tiveram a vitória de ter pernas perfeitas. Generoso Cristo, agradeço-lhe por todas as refeições festeiras, quando tantos não tem um pedaço de pão para saciar a fome. Deus eterno, obrigado, por laçar, por sorrir, sonhar e dançar numa festa, quando tantos se odeiam e fazem guerra. Santíssima Trindade, agradeço-te por aceitar a derrota de cabeça erguida, contente e sorrindo, quando tantos não souberam perder. Digo amém Senhor por tudo que tens feito na minha vida . AMÉM
É maravilhoso Senhor, ter braços e mãos perfeitas para segurar o laço, a armada e as rodilhas, quando há tantos mutilados.Obrigado meu Pai, pela visão perfeita que enxerga o boi correr rumo ao brete final, quando há tantos que perderam a luz. Agradeço meu Deus, pela minha voz que pede a solta, quando tantos emudeceram. Deus onipotente e eterno, obrigado pelas minhas pernas que afirmam nos arreios a vida, quando tantos não tiveram a vitória de ter pernas perfeitas. Generoso Cristo, agradeço-lhe por todas as refeições festeiras, quando tantos não tem um pedaço de pão para saciar a fome. Deus eterno, obrigado, por laçar, por sorrir, sonhar e dançar numa festa, quando tantos se odeiam e fazem guerra. Santíssima Trindade, agradeço-te por aceitar a derrota de cabeça erguida, contente e sorrindo, quando tantos não souberam perder. Digo amém Senhor por tudo que tens feito na minha vida . AMÉM
Oração do ginete
Quando a alma de um ginete em oração
Nesta xucra devoção vai enfrentar seu destino
Eu tiro então meu chapéu pra “Senhora Aparecida”
Que é a protetora da vida e minha mãe lá do céu
Que me proteja a senhora neste ofício de peão
Que o limite seja o chão num escarcéu barbaresco
Terra, mundo e algum retovo e se carrego um pecado
Deus me dê um desbocado pois vim alegrar meu povo
E quando numa toada, dessas que um taura se plancha
De um maula pedindo cancha se batendo nos meus ferros
Até me perco na rima nesse bailado de morte
E um índio brinca co'a sorte se um louco vier por cima
Então “Senhora dos Campos”, eu te peço tua benção
Cuide da vida de um peão pois eu não quero mais nada
Somente esse meu anseio de montar noutro rodeio
Pra uma nova gineteada.
Nesta xucra devoção vai enfrentar seu destino
Eu tiro então meu chapéu pra “Senhora Aparecida”
Que é a protetora da vida e minha mãe lá do céu
Que me proteja a senhora neste ofício de peão
Que o limite seja o chão num escarcéu barbaresco
Terra, mundo e algum retovo e se carrego um pecado
Deus me dê um desbocado pois vim alegrar meu povo
E quando numa toada, dessas que um taura se plancha
De um maula pedindo cancha se batendo nos meus ferros
Até me perco na rima nesse bailado de morte
E um índio brinca co'a sorte se um louco vier por cima
Então “Senhora dos Campos”, eu te peço tua benção
Cuide da vida de um peão pois eu não quero mais nada
Somente esse meu anseio de montar noutro rodeio
Pra uma nova gineteada.
Pelagens
As pelagens básicas se constituem em: Alazão, Baio, Branco, Cebruno, Colorado, Douradilho, Gateado, Mouro, Oveiro, Picaço, Preto, Rosilho, Tobiano, Tordilho e Zaino.
Pelagens Compostas:
Alazão chamalotado ou apatacado: Quando tem manchas mais claras e arredondadas.
Alazão dourado: O típico com reflexos do ouro.
Alazão típico: O que tem a cor da brasa ou da cereja.
Alazão ruano: Quando tem a cauda e crina claras.
Branco albino, melado ou rosado: Quando há uma despigmentação congênita, inteira ou parcial, das pestanas e da íris. Sua pelagem tem reflexos rosados. É sensível ao sol.
Baio branco ou claro: É uma tonalidade de creme desmaiado.
Branco mosqueado: O que leva pelo corpo, em forma irregular, pontos pretos do tamanho de uma mosca.
Branco porcelana: O que tem manchas pretas, as quais, por transparência, por meio dos pêlos brancos, produzem reflexos azuis da porcelana.
Baio achamalotado ou apatacado: Quando apresenta manchas redondas e mais claras do que o resto do corpo.
Baio amarelo: É como uma gema de ovo, quando estendida numa porcelana branca.
Baio encerado: Quando tem a cor mais escura, parecendo-se com a cera virgem.
Baio cabos negros: Quando tem as extremidades dos membros, da cauda e a crina escuras.
Baio cebruno: Também escura, levando no corpo manchas mais escuras do que o baio encerado. Baio dourado: quando tem reflexos do ouro.
Baio ovo de pato: Quando tem uma cor amarelado creme. Sua crina, cauda e cascos também são cremes. Baio ruano: é um baio com a cauda e crina claras.
Colorado típico: É avermellhado com o tom claro.
Colorado pinhão: Tem a cor do pinhão.
Cebruno ou barroso: Com a tonalidade mais escura do que a do baio cebruno, parecendo-se com a cor do elefante.
Douradilho: É um colorado desmaiado com reflexus dourados.
Douradilho pangaré: É o que tem o focinho, axilas e ventre mais claros.
Gateado típico: É um baio escuro acebrunado nas quatro patas e com uma linha escura, que vai da cernelha à garupa, com aproximadamente dois dedos de largura.
Gateado osco ou pardo: É mais escuro que o típico, assemelhando-se ao gato pardo.
Gateado pangaré: O que tem o focinho, as axilas e o ventre com a pelagem mais clara.
Gateado ruivo: O que tem a cauda e a crina aproximada a cor do fogo.
Lobuno claro: Quando se parece com a plumagem de uma pomba.
Lobuno escuro: Quando mais escuro do que o lobuno claro.
Zaino claro: Da cor da castanha.
Zaino negro: Como a castanha mais escura.
Preto típico: Tem a tonalidade semelhante ao carvão.
Preto azeviche: Preto vivo com reflexos brilhantres.
Tordilho claro: Quando tem predominância de pelos brancos.
Tordilho negro: Predomina os pelos pretos. Com a idade vai se tornando claro.
Tordilho chamalotado ou apacatado: Quando com manchas arredondadas mais claras.
Mouro negro: Se parece com o tordilho negro, com tonalidade azulada.
Mouro claro: É um gris azulado. Oveiro azulego: É um mouro claro com manchas brancas.
Oveiro bragado: Quando em qualquer pelagem portam manchas isoladas no baixo ventre.
Oveiro chita: É overo com manchas brancas salpicadas num fundo rosilho.
Oveiro de índio: Qualquer pelagem com manchas de tamanho médio.
Oveiro chita: É overo com manchas brancas salpicadas num fundo rosilho.
Rosilho abaiado: Quando tem pelos amarelados entre o vermelho e o branco.
Rosilho claro ou prateado: Quando predominam os pelos brancos sobre os vermelhos.
Rosilho colorado: Quando predominam os pelos vermelhos sobre os brancos.
Rosilho gateado: É um gateado com pelos brancos.
Rosilho mouro: É uma mescla entre pelos vermelhos, brancos e pretos.
Rosilho overo: Quando dentro da pelagem rosilha tem manchas brancas.
Rosilho tostado: Quando tem pelos tostados em lugar dos vermelhos.
Tobiano baio: É um baio nas mesmas condições dos demais tobianos.
Tobiano colorado: É um colorado nas mesmas condições do tobiano negro.
Tobiano negro: É um preto com manchas brancas grandes divididas com o preto.
Tobiano gateado: É um gateado nas mesmas condições dos demais.
Zaino claro: Da cor da castanha. Zaino negro: Como a castanha mais escura.
Também existem tobianos cebruno, alazão, douradilho, zaino, tordilho, etc.
Outros detalhes de pelagem
Entrepelado: O que tem uma mescla de pelagens diferentes, formando assim um total indefinido.
Pangaré: Quando descolorido em algumas regiões do corpo, sobretudo nas partes inferiores, destacando-se nas axilias, focinho e ventre, seu descolorido se assemelha a cana da Índia.
Rabicano: Quando nas caudas escuras tem pelos brancos na sua base.
Tordilho:
Zaina
Mouro Tapado
Baio Ruano
Preto
Gateado
Picaço
Tobiano Preto
Alazão
Baio
Branco
Colorado
Douradilho
Oveiro
Rosilho
etc...
Pelagens Compostas:
Alazão chamalotado ou apatacado: Quando tem manchas mais claras e arredondadas.
Alazão dourado: O típico com reflexos do ouro.
Alazão típico: O que tem a cor da brasa ou da cereja.
Alazão ruano: Quando tem a cauda e crina claras.
Branco albino, melado ou rosado: Quando há uma despigmentação congênita, inteira ou parcial, das pestanas e da íris. Sua pelagem tem reflexos rosados. É sensível ao sol.
Baio branco ou claro: É uma tonalidade de creme desmaiado.
Branco mosqueado: O que leva pelo corpo, em forma irregular, pontos pretos do tamanho de uma mosca.
Branco porcelana: O que tem manchas pretas, as quais, por transparência, por meio dos pêlos brancos, produzem reflexos azuis da porcelana.
Baio achamalotado ou apatacado: Quando apresenta manchas redondas e mais claras do que o resto do corpo.
Baio amarelo: É como uma gema de ovo, quando estendida numa porcelana branca.
Baio encerado: Quando tem a cor mais escura, parecendo-se com a cera virgem.
Baio cabos negros: Quando tem as extremidades dos membros, da cauda e a crina escuras.
Baio cebruno: Também escura, levando no corpo manchas mais escuras do que o baio encerado. Baio dourado: quando tem reflexos do ouro.
Baio ovo de pato: Quando tem uma cor amarelado creme. Sua crina, cauda e cascos também são cremes. Baio ruano: é um baio com a cauda e crina claras.
Colorado típico: É avermellhado com o tom claro.
Colorado pinhão: Tem a cor do pinhão.
Cebruno ou barroso: Com a tonalidade mais escura do que a do baio cebruno, parecendo-se com a cor do elefante.
Douradilho: É um colorado desmaiado com reflexus dourados.
Douradilho pangaré: É o que tem o focinho, axilas e ventre mais claros.
Gateado típico: É um baio escuro acebrunado nas quatro patas e com uma linha escura, que vai da cernelha à garupa, com aproximadamente dois dedos de largura.
Gateado osco ou pardo: É mais escuro que o típico, assemelhando-se ao gato pardo.
Gateado pangaré: O que tem o focinho, as axilas e o ventre com a pelagem mais clara.
Gateado ruivo: O que tem a cauda e a crina aproximada a cor do fogo.
Lobuno claro: Quando se parece com a plumagem de uma pomba.
Lobuno escuro: Quando mais escuro do que o lobuno claro.
Zaino claro: Da cor da castanha.
Zaino negro: Como a castanha mais escura.
Preto típico: Tem a tonalidade semelhante ao carvão.
Preto azeviche: Preto vivo com reflexos brilhantres.
Tordilho claro: Quando tem predominância de pelos brancos.
Tordilho negro: Predomina os pelos pretos. Com a idade vai se tornando claro.
Tordilho chamalotado ou apacatado: Quando com manchas arredondadas mais claras.
Mouro negro: Se parece com o tordilho negro, com tonalidade azulada.
Mouro claro: É um gris azulado. Oveiro azulego: É um mouro claro com manchas brancas.
Oveiro bragado: Quando em qualquer pelagem portam manchas isoladas no baixo ventre.
Oveiro chita: É overo com manchas brancas salpicadas num fundo rosilho.
Oveiro de índio: Qualquer pelagem com manchas de tamanho médio.
Oveiro chita: É overo com manchas brancas salpicadas num fundo rosilho.
Rosilho abaiado: Quando tem pelos amarelados entre o vermelho e o branco.
Rosilho claro ou prateado: Quando predominam os pelos brancos sobre os vermelhos.
Rosilho colorado: Quando predominam os pelos vermelhos sobre os brancos.
Rosilho gateado: É um gateado com pelos brancos.
Rosilho mouro: É uma mescla entre pelos vermelhos, brancos e pretos.
Rosilho overo: Quando dentro da pelagem rosilha tem manchas brancas.
Rosilho tostado: Quando tem pelos tostados em lugar dos vermelhos.
Tobiano baio: É um baio nas mesmas condições dos demais tobianos.
Tobiano colorado: É um colorado nas mesmas condições do tobiano negro.
Tobiano negro: É um preto com manchas brancas grandes divididas com o preto.
Tobiano gateado: É um gateado nas mesmas condições dos demais.
Zaino claro: Da cor da castanha. Zaino negro: Como a castanha mais escura.
Também existem tobianos cebruno, alazão, douradilho, zaino, tordilho, etc.
Outros detalhes de pelagem
Entrepelado: O que tem uma mescla de pelagens diferentes, formando assim um total indefinido.
Pangaré: Quando descolorido em algumas regiões do corpo, sobretudo nas partes inferiores, destacando-se nas axilias, focinho e ventre, seu descolorido se assemelha a cana da Índia.
Rabicano: Quando nas caudas escuras tem pelos brancos na sua base.
Tordilho:
Zaina
Mouro Tapado
Baio Ruano
Preto
Gateado
Picaço
Tobiano Preto
Alazão
Baio
Branco
Colorado
Douradilho
Oveiro
Rosilho
etc...
terça-feira, 27 de março de 2012
Nas armadas do meu laço
Abre a porteira parceiro
que hoje é dia de rodeio
eu trago a marca campeira
não costumo fazer feio
Se o macho é bom de pegada
convido pico de espora
pois se perder uma armada
o novilho vai-se embora
Nos campos do meu Rio Grande
meu oficio é de campeiro
e nas armadas do laço
um coração caborteiro
Eu vivo de peão campeiro
no mesmo estilo do pampa
o novilho por mais xucro
eu laço só pelas guampas
Parceiro abre a cancela
sou dotor ido no estouro
nunca refuguei parada
neste meu cavalo mouro
Nos campos do meu Rio Grande
meu ofício é de campeiro
e nas armadas do laço
um coração caborteiro
Nas armadas do meu laço
mora um chiru ventena
que ja arrasto um cavalo
pra escutar as chilenas
É por isso que meu pago
não vive sem os rodeios
laço, peão e tropilha
e um pingo bueno de freio
Nos campos do meu Rio Grande
meu ofício é de campeiro
e nas armadas do laço
um coração caborteiro
que hoje é dia de rodeio
eu trago a marca campeira
não costumo fazer feio
Se o macho é bom de pegada
convido pico de espora
pois se perder uma armada
o novilho vai-se embora
Nos campos do meu Rio Grande
meu oficio é de campeiro
e nas armadas do laço
um coração caborteiro
Eu vivo de peão campeiro
no mesmo estilo do pampa
o novilho por mais xucro
eu laço só pelas guampas
Parceiro abre a cancela
sou dotor ido no estouro
nunca refuguei parada
neste meu cavalo mouro
Nos campos do meu Rio Grande
meu ofício é de campeiro
e nas armadas do laço
um coração caborteiro
Nas armadas do meu laço
mora um chiru ventena
que ja arrasto um cavalo
pra escutar as chilenas
É por isso que meu pago
não vive sem os rodeios
laço, peão e tropilha
e um pingo bueno de freio
Nos campos do meu Rio Grande
meu ofício é de campeiro
e nas armadas do laço
um coração caborteiro
Pingo Parceiro
Tenho um cavalo tobiano
orgulho de peão campeiro
esse meu pingo parceiro
o mundo é bem mais pequeno
Quebrando geada ou sereno
se transforma estrada a fora
só ele sabe onde mora
aquele rosto moreno
Tobiano patas voadoras
nesse garrão rinconencia
eu acho até que meu pingo
tem coração de querência
Pingo parceiro do vento
dois olhos de pirilampos
quando cavalga nos campos
não precisa de mangaço
Em cancha reta é um abraço
pra ultra passar o ladino
me faz pealar o destino
nas doze braças de um laço.
Quando encilho o meu tobiano
trato como meu parceiro
depois que boto o bacheiro
o seu olhar já faz planos
Meu coração de aragano
sabe da sorte reúna
por isso não há fortuna
para comprar meu tobiano
Tobiano patas voadoras
nesse garrão rinconencia
eu acho até que meu pingo
tem coração de querência...
orgulho de peão campeiro
esse meu pingo parceiro
o mundo é bem mais pequeno
Quebrando geada ou sereno
se transforma estrada a fora
só ele sabe onde mora
aquele rosto moreno
Tobiano patas voadoras
nesse garrão rinconencia
eu acho até que meu pingo
tem coração de querência
Pingo parceiro do vento
dois olhos de pirilampos
quando cavalga nos campos
não precisa de mangaço
Em cancha reta é um abraço
pra ultra passar o ladino
me faz pealar o destino
nas doze braças de um laço.
Quando encilho o meu tobiano
trato como meu parceiro
depois que boto o bacheiro
o seu olhar já faz planos
Meu coração de aragano
sabe da sorte reúna
por isso não há fortuna
para comprar meu tobiano
Tobiano patas voadoras
nesse garrão rinconencia
eu acho até que meu pingo
tem coração de querência...
Mouro Tapado
Desses fletes que eu já tive
desses que sentencia tudo
destacou-se um curnilhudo
um lindo mouro tapado
Era um cavalo entroncado
desses de encher a perna
que quando o índio se inferna
fica troteando parado
Eu balançava as chilenas
fazendo cantar o aço,
ele trocava de passo
três, quatro vezes seguidas
Era um respeito na lida
meu lindo mouro tapado,
nas patas deste adestrado
só não apostei a vida.
E quantas vezes por graça
após um dia de festa,
tapeava o chapéu na testa
e roseteava o morito
dando de boca em grito
pra que renegasse o basto
passava a cara no pasto
depois saia ao tranquito.
No lombo do pingo mouro
fiz mil e uma façanha
as vezes na meia canha
numa guerra me metia
nas patas da policia
vejam que aventura louca
cansei de bater na boca
e me mandar pras cria.
Pealava de toda trança
deixava o mouro cinchando
parece velo roncando
rédeas atadas ao laço
partiu de mim um pedaço
quando meu mouro morreu
meu coração recebeu
um violento cincrônasso.
Cambiada pelo destino
surgiu um dia na estrada
uma potranca rosada
fujona de algum vizinho
talvez lhe desse carinho
e não havendo outro jeito
meu mouro botou o peito
num sete cordas fonfinho.
Enforquilhado na cerca
morreu meu mouro tapado
fiquei tristonho e magoado
ao ver aquela desgraça
aquela potra de raça
batendo cascos ao lado,
me senti sendo velado
por uma china lindaça.
Por guapo se perde um taura
quando a má sorte acompanha
meu mouro nessa façanha
não arrastou as quinchadas
e deu de só te clavada
boto um só no cassique
se acavalo índio pique
dando adeus as campereadas
A minha pobre gaúcha
sentiu-se penalizada
até chorou a coitada
com a sena daquela morte
lamentando a negra sorte
ela disse entre choro
nunca esquecerei que o mouro
foi meu meio de transporte.
Eu falei comigo mesmo
me expressando desse jeito
tu tinhas o meu defeito
eu também corro perigo
meu mouro foste um amigo
por mais de dez prima veras
e eu não sabia que eras
tão parecido comigo.
Nunca mais meu compadre Paulino Quevedo Rangel
eu consigo cavalo igual.
desses que sentencia tudo
destacou-se um curnilhudo
um lindo mouro tapado
Era um cavalo entroncado
desses de encher a perna
que quando o índio se inferna
fica troteando parado
Eu balançava as chilenas
fazendo cantar o aço,
ele trocava de passo
três, quatro vezes seguidas
Era um respeito na lida
meu lindo mouro tapado,
nas patas deste adestrado
só não apostei a vida.
E quantas vezes por graça
após um dia de festa,
tapeava o chapéu na testa
e roseteava o morito
dando de boca em grito
pra que renegasse o basto
passava a cara no pasto
depois saia ao tranquito.
No lombo do pingo mouro
fiz mil e uma façanha
as vezes na meia canha
numa guerra me metia
nas patas da policia
vejam que aventura louca
cansei de bater na boca
e me mandar pras cria.
Pealava de toda trança
deixava o mouro cinchando
parece velo roncando
rédeas atadas ao laço
partiu de mim um pedaço
quando meu mouro morreu
meu coração recebeu
um violento cincrônasso.
Cambiada pelo destino
surgiu um dia na estrada
uma potranca rosada
fujona de algum vizinho
talvez lhe desse carinho
e não havendo outro jeito
meu mouro botou o peito
num sete cordas fonfinho.
Enforquilhado na cerca
morreu meu mouro tapado
fiquei tristonho e magoado
ao ver aquela desgraça
aquela potra de raça
batendo cascos ao lado,
me senti sendo velado
por uma china lindaça.
Por guapo se perde um taura
quando a má sorte acompanha
meu mouro nessa façanha
não arrastou as quinchadas
e deu de só te clavada
boto um só no cassique
se acavalo índio pique
dando adeus as campereadas
A minha pobre gaúcha
sentiu-se penalizada
até chorou a coitada
com a sena daquela morte
lamentando a negra sorte
ela disse entre choro
nunca esquecerei que o mouro
foi meu meio de transporte.
Eu falei comigo mesmo
me expressando desse jeito
tu tinhas o meu defeito
eu também corro perigo
meu mouro foste um amigo
por mais de dez prima veras
e eu não sabia que eras
tão parecido comigo.
Nunca mais meu compadre Paulino Quevedo Rangel
eu consigo cavalo igual.
Cavalos Pantaneiros
Histórico
Esta raça se formou de maneira natural, pela segregação, há mais de dois séculos na região dos Pantanais de Mato Grosso, que compreende os municípios de Poconé, Cáceres, Leverger , Barão de Melgaço, Cuiabá, etc. Segundo a procedência ele recebe diversos nomes: "Ponconeano" de Ponconé, "Mimoseano" dos campos de capim mimoso de Barão de Melgaço, "Bahia" de campina chamada Bahia, do município de Poconé.
Conforme os estudos do prof. O Domingues, a quem devemos quase todas as informações, esta população originou-se de cavalos de Goiás levados para o norte de Mato Grosso, cujo tipo era o Bético-Luzitano, uma mistura de cavalos Árabe e Barbo.
Há entretanto quem admita à participação dos cavalos dos indígenas, procedentes do Paraguai, do mesmo tipo que deu origem ao Crioulo.
Descrição
Peso não determinado. Aproximadamente 350Kg. Estatura em média 1,42m segundo Domingues, encontrando-se animais de 138 a 153cm. Pelagem - Predomina a tordilha (45%), seguindo-se a báia, pedrês, e castanha. Contudo encontram-se outras pelagens em pequena escala. O pampa e o pombo são indesejáveis.
Cabeça bem feita, proporcionada, de perfil direito ou subconvexo, às vezes um pouco grande, com orelhas curtas, olhos vivos, fronte longa e ampla, focinho antes curto, com ventas espaçadas e boca bem rasgada. Pescoço forte, sem ser grosso, bem implantado, com pouca crina. Corpo alongado, com boas espáduas, cernelha aparente, dorso direito (às vezes enselado ou convexo) garupa inclinada e inserção baixa da cauda . O corpo deve ser largo e profundo, a garupa comprida e larga, a cauda curta, com crinas também curtas e órgãos genitais bem conformados.
Membros altos, limpos, de boa ossatura, geralmente aprumados, paletas inclinadas, braço e pernas longos, quartela média ou curta, cascos médios ou pequenos, lisos e pretos e curvilhão não muito aberto.
Aptidões
Trata-se de uma raça natural regional de cavalo campeiro, bem adaptada às condições particulares de importante região criatória do Mato Grosso. Assemelha-se um pouco ao Crioulo do sul, nos seus característicos raciais, diferindo sobretudo pelos seus membros relativamente altos e menor compacidade do pescoço, do tronco e da garupa . Seus andamentos não foram descritos, mas os poucos animais que conhecemos eram trotões. Seu temperamento é vivo, porém dócil e sua constituição robusta.
Cavalo Pantaneiro
No Estado de Mato Grosso, região do Pantanal, formou-se um tipo eqüino com características próprias adquiridas durante quatro séculos, quando da sua formação e aclimatação ao meio complexo e hostil em que se desenvolvem. Chamado de Pantaneiro, muito embora ele seja conhecido também como Mimoseano, Baiano e Poconeano, segundo a região onde vivem.
A origem desse cavalo está fixada ao longo de nossa história, ressaltando três fases distintas.
A primeira, quando, na terceira e quarta década do século XVI, formou-se o Pantaneiro, originário do Cavalo Crioulo Argentino, proveniente da cavalhada de Pedro de Mendoza, espalhadas nos pampas naqueles anos, após a destruição da Vila de Buenos Aires pelos silvícolas e do cavalo paulista oriundo de animais portugueses trazidos por Martin Afonso de Souza, e levados pelos bandeirantes, através de Goiás, para o Pantanal em 1736.
A segunda fase, quando a partir de 1736, proveniente de Goiás, a imensa planície matogrossense anualmente inundada pelo transbordamento do Rio Paraguai e do seu afluente, o Pantanal foi povoado por grandes manadas de cavalos.
Em conseqüência das distâncias e dificuldades de comunicação entre essa zona e o litoral, o Pantaneiro ficou isolado durante longos anos e livre dos cruzamentos desordenados que tanto tem prejudicado nossos eqüinos.
Na terceira fase, iniciada em 1900, verificou-se a influência do Anglo - Árabe, do Normando, do Puro-Sangue Inglês e do Árabe, visando emprestar aos rebanhos nativos de até então, melhores aspectos de conformação e beleza.
O cavalo Pantaneiro é um mosaico racial, originariamente resultante de dois troncos primitivos étnicos: "Equus Caballus Asiáticus" e o "Equus Caballus Africanus".
O cavalo Pantaneiro é um patrimônio histórico porque cooperou na fixação do homem no Pantanal e em todo território matogrossense.
E um fator de segurança nacional porque pode ainda vir a desempenhar, nas regiões de difícil acesso, o importante papel de salvaguarda dos limites territoriais.
E um fator de econômico-social, porque a totalidade da população que habita o Pantanal, tem no Pantaneiro importante meio de transporte, sobretudo nas cheias, e sua mais importante função econômica se faz sentir junto à bovinocultura.
História
Sua origem está ligada à história da colonização de uma grande região da América Latina. Os índios Guaicurus habitantes da região do pantanal, conquistaram em batalhas com os espanhóis alguns cavalos de origem Bérbere que posteriormente foram cruzados com cavalos Célitos Lusitanos e Andaluzes dando origem a estes maravilhosos animais.
Caracterísitcas
Porte médio e extraordinária sobriedade e resistência ao trabalho extremo e contínuo. Possue uma extraordinária dureza dos cascos e capacidade de pasteio de forragens submersas, durante o período de cheia.
Aptidão
Reúne as principais características de um cavalo de sela. O andamento é o trote, macio e confortável, com tração predominantemente dianteira.
No Brasil
A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Pantaneiro conta hoje com aproximadamente 80 criadores associados, distribuídos em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Por muito tempo esquecido e desvalorizado pela maioria, inclusive como um representante histórico e cultural do território matogrossense – e já quase extinto no passado, pela incidência da anemia infecciosa equina e pela mistura genética com outras raças, o cavalo da raça pantaneiro ressurge agora chamando a atenção no Brasil e até na América do Norte.
Considerado no passado só um animal excelente para o trabalho, para a lida em ambientes inóspitos, como a região pantaneira, o cavalo pantaneiro acabou sendo descoberto também como excelente animal para competições.
E isso acabou ficando comprovado, surpreendentemente, no ano passado: em 2006, pela primeira vez, o cavalo pantaneiro Jaceguay da Vazante do Castelo foi inscrito na conceituada Prova Nacional de Rédea, realizada anualmente em São Paulo, e da qual participam raças especializadas na lida com animais bovinos, como a raça crioula, do Rio Grande do Sul, e quarto-de-milha.
E o cavalo pantaneiro criado na Fazenda São Bento da Marajoara, de Fernando César Bacchi de Araújo, de Mato Grosso do Sul, sagrou-se grande campeão nacional da prova aberta light.
Além da participação surpreendente e vitoriosa da raça, nessa que é uma das maiores provas de rédea do Brasil, os criadores do pantaneiro começaram a participar de outros eventos, como o enduro realizado anualmente pela Fazenda Engenho, em MS. Em 2005, ao ser inscrita para participar desse enduro, a égua Milionária da Rancharia, de propriedade de Luciano Barros, foi a vencedora, num percurso de aproximadamente 40 quilômetros.
As qualidades da raça ficaram mais conhecidas, realçadas, e hoje o cavalo pantaneiro passou a ser respeitado por todos os grandes criadores de equinos no Brasil. E com esse destaque, suas características acabaram chamando a atenção, inclusive de grandes criadores de cavalos dos Estados Unidos. Tanto que, durante a Expogrande 2007, um grupo de criadores de equinos norte-americanos passará cinco dias em Campo Grande, visitando a feira e conhecendo de perto a raça originária do Pantanal.
O diferencial do cavalo Pantaneiro para animais de outras raças é, principalmente, o fato de ter exigência alimentar menor, por ser um animal de médio porte, com musculatura não exuberante como a de outras raças, o árabe, por exemplo.
Conforme explica o criador Luciano Barros, da Fazenda Rancharia, do Condomínio Abílio Leite de Barros, outro fator importante que chama atenção para a raça é o fato de o cavalo pantaneiro ter um "cow sence" (gosto e facilidade para trabalhar com bovinos) muito grande.
Pôneis
O pônei brasileiro é um cavalo destinado à iniciação de crianças na equitação podendo ser usado também em tração leve.
É um eqüino eumétrico, ágil, de bom temperamento para o serviço, dócil, com proporções equilibradas entre a altura da cernelha e o comprimento do corpo. Frente altiva e leve, bem aprumado e com angulações de membros que favoreçam uma boa liberdade de movimentos ao passo, ao trote e ao galope.
Características
Altura máxima aos 36 meses para machos: 100 cm.
Altura máxima aos 36 meses para fêmeas: 110 cm.
Altura ideal para raça: 90 cm.
Temperamento: Ativo e dócil.
Pelagem: Todas as pelagens e suas variedades.
(Dados acima constam do padrão da raça)
Minipôneis (ou Mini-horses) são pôneis com altura na cernelha menor que 100 cm.
É um eqüino eumétrico, ágil, de bom temperamento para o serviço, dócil, com proporções equilibradas entre a altura da cernelha e o comprimento do corpo. Frente altiva e leve, bem aprumado e com angulações de membros que favoreçam uma boa liberdade de movimentos ao passo, ao trote e ao galope.
Características
Altura máxima aos 36 meses para machos: 100 cm.
Altura máxima aos 36 meses para fêmeas: 110 cm.
Altura ideal para raça: 90 cm.
Temperamento: Ativo e dócil.
Pelagem: Todas as pelagens e suas variedades.
(Dados acima constam do padrão da raça)
Minipôneis (ou Mini-horses) são pôneis com altura na cernelha menor que 100 cm.
Cavalo da raça Friesian
Frísio ou Friesian é uma raça de cavalos de cor negra e com pêlos compridos nas pernas. É um animal de temperamento dócil e fisicamente bastante robusto. É criado principalmente na Frísia, litoral norte dos Países Baixos, de onde se origina seu nome.
É difícil datar a origem do cavalo de Friesian com precisão. É certo que o cavalo era famoso na Idade Média pois é achado em trabalhos de arte daquele período. No século XVII foi usado para levar carga debaixo de sela. Devido ao seu esplêndido trote, o Friesian foi também usado posteriormente para trabalhos leves. Isto, infelizmente, limitou seu uso em agricultura e conduziu a seu declínio do número de animais no início do século XX. Ele quase foi levado à extinção durante a Segunda Guerra Mundial pois era muito utilizado para puxar os canhões, tendo restado apenas cinco garanhões e algumas éguas após a guerra. Uma procriação sistemática restabeleceu a qualidade da raça e seus números são crescentes atualmente.
Mede cerca de 1,65 m.[1] Destaca-se por ser um excelente animal de tiro, embora também seja utilizado como animal de sela. É um animal fácil de ser mantido do ponto de vista econômico, e é muito dócil. No Brasil, foi introduzido em 2007 pelo Haras Black Foot. O cruzamento do Cavalo Frísio com o cavalo Árabe gerou a raça Arabo-frísio que está sendo criado pelo Haras Greca no Rio Grande do Sul.
História da raça
O cavalo Frísio ou Friesian é o único nativo dos Países Baixos que conseguiu sobreviver à passagem do tempo. As suas origens remontam a séculos atrás. Sendo uma das mais antigas raças na Europa, esteve à beira da extinção várias vezes ao longo do último século. Graças à devoção de um grupo de entusiastas, sobreviveu até o presente, gozando, hoje, de grande popularidade em todo o mundo.
A sua origem se deu por volta do ano 500 a.C., quando o povo frísio se estabeleceu ao longo do mar do Norte trazendo os seus cavalos, descendentes diretos de Equus robustus. No ano 800, o mar do Norte era denominado mar Frísio, local onde se desenvolveu a raça.[2]
Em cerca de 150, historiadores romanos mencionaram a presença da cavalaria frísia na Britânia, na fronteira entre a Escócia e a Inglaterra. A cavalaria era formada por soldados montando garanhões Friesians.
O escritor inglês Anthony Dent remete também para o aparecimento de tropas independentes frísias em Carlisle, no século IV, igualmente formada por ginetes no lombo de cavalos Friesians. Ele também menciona a influência do cavalo Friesian na raiz do Shire e também nos póneis Fell.
Há inúmeras ilustrações de Friesians que participem em torneios e justas na Idade Média.
A primeira data escrita sobre o cavalo Friesian remonta a 1544.[2]
Durante as Cruzadas e até o fim da guerra dos oitenta anos, foi introduzido sangue de cavalos árabes. Ao longo do século XVII, os Friesians compartilhavam pistas com cavalos de origem espanhola em várias escolas onde se pratica a Alta Escola de Equitação.
No fim do século XIX, devido ao declínio da Europa feudal, a presença do cavalo Friesian ficou reduzida à província da Frísia, onde se celebravam corridas de trote de Friesians atrelados a carruagens. Essas corridas logo se tornaram uma festa popular que ocorriam ao longo de toda a província. Em 1823, King Willem entregou um "chicote de ouro" ao vencedor de uma grande corrida de trotadores.[2] Em 1° de maio de 1879, numa pequena aldeia chamada Roodahuizum, foi formado o Registro Genealógico de cavalo Friesian, o FPS, e assim, dar o primeiro passo para a salvação da raça.[3] Tal foi o desastre que em 1913 foram apenas três garanhões em serviço, abrangendo: Prins 109, Alva e 113 Friso 117.[2]
Foi quando uma centena de agricultores, preocupada com a situação agonizante da raça, juntou-se para criar uma parceria para a preservação do frísio. A eles, se deve a salvação da raça. O luxuoso cavalo passou a se tornar um cavalo de trabalho nas fazendas, algo lógico se se pretende competir com os pesados Bovenlander.[3] Em apenas duas décadas, o Frísio tornou-se ideal como um cavalo de recreação e começou a mostrar o seu potencial em certos esportes.
Galeria
É difícil datar a origem do cavalo de Friesian com precisão. É certo que o cavalo era famoso na Idade Média pois é achado em trabalhos de arte daquele período. No século XVII foi usado para levar carga debaixo de sela. Devido ao seu esplêndido trote, o Friesian foi também usado posteriormente para trabalhos leves. Isto, infelizmente, limitou seu uso em agricultura e conduziu a seu declínio do número de animais no início do século XX. Ele quase foi levado à extinção durante a Segunda Guerra Mundial pois era muito utilizado para puxar os canhões, tendo restado apenas cinco garanhões e algumas éguas após a guerra. Uma procriação sistemática restabeleceu a qualidade da raça e seus números são crescentes atualmente.
Mede cerca de 1,65 m.[1] Destaca-se por ser um excelente animal de tiro, embora também seja utilizado como animal de sela. É um animal fácil de ser mantido do ponto de vista econômico, e é muito dócil. No Brasil, foi introduzido em 2007 pelo Haras Black Foot. O cruzamento do Cavalo Frísio com o cavalo Árabe gerou a raça Arabo-frísio que está sendo criado pelo Haras Greca no Rio Grande do Sul.
História da raça
O cavalo Frísio ou Friesian é o único nativo dos Países Baixos que conseguiu sobreviver à passagem do tempo. As suas origens remontam a séculos atrás. Sendo uma das mais antigas raças na Europa, esteve à beira da extinção várias vezes ao longo do último século. Graças à devoção de um grupo de entusiastas, sobreviveu até o presente, gozando, hoje, de grande popularidade em todo o mundo.
A sua origem se deu por volta do ano 500 a.C., quando o povo frísio se estabeleceu ao longo do mar do Norte trazendo os seus cavalos, descendentes diretos de Equus robustus. No ano 800, o mar do Norte era denominado mar Frísio, local onde se desenvolveu a raça.[2]
Em cerca de 150, historiadores romanos mencionaram a presença da cavalaria frísia na Britânia, na fronteira entre a Escócia e a Inglaterra. A cavalaria era formada por soldados montando garanhões Friesians.
O escritor inglês Anthony Dent remete também para o aparecimento de tropas independentes frísias em Carlisle, no século IV, igualmente formada por ginetes no lombo de cavalos Friesians. Ele também menciona a influência do cavalo Friesian na raiz do Shire e também nos póneis Fell.
Há inúmeras ilustrações de Friesians que participem em torneios e justas na Idade Média.
A primeira data escrita sobre o cavalo Friesian remonta a 1544.[2]
Durante as Cruzadas e até o fim da guerra dos oitenta anos, foi introduzido sangue de cavalos árabes. Ao longo do século XVII, os Friesians compartilhavam pistas com cavalos de origem espanhola em várias escolas onde se pratica a Alta Escola de Equitação.
No fim do século XIX, devido ao declínio da Europa feudal, a presença do cavalo Friesian ficou reduzida à província da Frísia, onde se celebravam corridas de trote de Friesians atrelados a carruagens. Essas corridas logo se tornaram uma festa popular que ocorriam ao longo de toda a província. Em 1823, King Willem entregou um "chicote de ouro" ao vencedor de uma grande corrida de trotadores.[2] Em 1° de maio de 1879, numa pequena aldeia chamada Roodahuizum, foi formado o Registro Genealógico de cavalo Friesian, o FPS, e assim, dar o primeiro passo para a salvação da raça.[3] Tal foi o desastre que em 1913 foram apenas três garanhões em serviço, abrangendo: Prins 109, Alva e 113 Friso 117.[2]
Foi quando uma centena de agricultores, preocupada com a situação agonizante da raça, juntou-se para criar uma parceria para a preservação do frísio. A eles, se deve a salvação da raça. O luxuoso cavalo passou a se tornar um cavalo de trabalho nas fazendas, algo lógico se se pretende competir com os pesados Bovenlander.[3] Em apenas duas décadas, o Frísio tornou-se ideal como um cavalo de recreação e começou a mostrar o seu potencial em certos esportes.
Galeria
Cavalo da raça Árabe
O cavalo da raça Árabe é rapidamente identificado pela cabeça delicada, com seu perfil côncavo, olhos expressivos, orelhas pequenas e focinho curto.
Igualmente, outra característica marcante é formado do pescoço e o seu porte: sinuoso e arqueado, chamado de cisne, e o cavalo o torna mais expressivo, elevando a cabeça.
Finalmente, sua garupa é praticamente reta e o rabo, com inserção alta, é levantado pelo animal, como que desfraldando a cauda.
Carga Genética: Trata-se da raça básica que deu carga genética às demais cultivadas na atualidade.
Quando o cavalo evoluiu, através de milhões de anos, desde a Pré- História, partiu da Ásia Central uma linhagem de animais delicados e exuberantes, denominados por muitos pesquisadores como o Cavalo Ágil. Esta linhagem desceu para os desertos da península arábica e, posteriormente, pelo Egito, chegou aos desertos do Norte da África.
As invasões muçulmanas e os animais capturados por Europeus em combate com os árabes, difundiram a raça por toda a parte.
A criação teve seu auge nos sultanatos turcos, depois decaiu com o fim do Império turco, para ressurgir graças ao interesse de criadores europeus.
Trata-se de um grande raçador, dando nobreza aos produtos resultantes de sua cruza com equinos de raças mais rudes; nos esportes, sua fantástica resistência é quase insuperável.
Altura: de 1,42 a 1,51m, embora os puristas não aceitem mais de 1,45m como ideal.
Pelagem: Castanha ou alazã, passível de tornar-se tordilha se pelo menos um dos genitores o for.
BELEZA, RESISTÊNCIA E INTELIGÊNCIA
História: Desenvolvida por beduínos nômades do deserto da Arábia, que queriam exemplares que resistissem ao clima e às batalhas. Foi descoberto pelos europeus anos depois e usado para melhorar o plantel das tropas militares.
Características: Resistência, inteligência, velocidade e versatilidade são qualidades marcantes. Pode ser reconhecido por sua cabeça pequena e côncava, o pescoço arqueado, a linha de garupa horizontal e a cauda levantada.
Aptidão: O cavalo Árabe é destaque em provas de salto, enduro, western pleasure, halter, e outras.
No Brasil: As primeiras importações aconteceram em 1837 e voltam a acontecer em 1922. A ABCCA foi fundada apenas em 1965 e o primeiro livro do Stud Book foi editado em 1980. A criação brasileira é hoje uma das melhores do mundo.
HISTÓRIA DO CAVALO ÁRABE NO MUNDO
por Lenita Perroy
A origem do cavalo árabe, depois de muitas pesquisas e de divergências históricas, continua sem uma prova definitiva: teria sido uma espécie selvagem que assumiu com o tempo sua forma, originária de cruzamentos entre outras? Teria o homem interferido nessa formação? A questão permanece envolta em mistério. Na verdade a primeira imagem aparece num baixo relevo egípcio do século 16 antes de Cristo.
A Cavalo Árabe de hoje tem uma cabeça pequena e côncava , pescoço arqueado, linha de garupa horizontal e cauda levantada de inserção alta. Estas características foram mantidas até hoje, através de 36 séculos. Quem poderá realmente dizer quantos outros se passaram até que estas características tivessem sido adquiridas e fixadas.
Não existe dúvida de que é a raça mais antiga do mundo, e a nenhuma outra se pode comparar em conformação, equilíbrio e beleza. Mas não foi por essas qualidades que durante 3500 anos o cavalo árabe foi tão apreciado: foi por sua extraordinária capacidade como cavalo de guerra. Pela velocidade, resistência, agilidade e inteligência.
O poderio dos impérios e de seus exércitos foi cada vez mais baseado na cavalaria. E pouco a pouco, a cavalaria ligeira ultrapassava em muito a pesada, com armaduras e armas de maneio lento. Os guerrilheiros montados em "cavalos que voavam nos pés" tornavam-se famosos e muito temidos.
Em 700 a.C. havia uma procura generalizada deste tipo de cavalo. Guerras eram iniciadas com o único fim de obtê-los em maior número possível. As lutas se sucediam entre assírios, persas, povos das estepes, em torno do mar Vermelho, até o Egito. Em selos, jóias, relevos e pinturas, encontramos a mesma imagem do cavalo árabe característico através dos séculos.
A lenda conta que Maomé, depois de uma longa caminhada, mandou que soltassem os animais para tomar água. Antes que eles chegassem ao lago, ele os chamou de volta, e apenas cinco éguas pararam, e em vez de matar a sede voltaram atendendo ao chamado do profeta. Ele abençoou estas cinco éguas, e delas se formaram as cinco linhagens famosas.
Porém, todas as referências citam apenas Kehilan Ajuz,que se confunde com o termo "puro". Portanto, todas as linhagens formaram-se a partir de Kehilan Ajuz. Somente em 1800 temos como definitivo a existência das várias linhagens: Kehilan, Seglawi, Maneghi, Abeyan, Dahman. Porém para os beduínos "são todos Kehilan".
Apesar de haver descrições, com características diversas, destas linhagens, notamos com surpresa que elas são continuamente cruzadas entre si, tornando difícil seu reconhecimento. Mais tarde, as tribos de beduínos criaram sublinhagens, isolando pela distância suas tropas.
Grandes studs
A paixão pelo cavalo levou faraós, reis, imperadores e uma série de homens poderosos a colecionar o que havia de melhor. Preços fabulosos, resgates de príncipes, e mesmo cidades inteiras foram trocados por esplendidos animais, quando não eram arrancados a preço de sangue.
Depois do esplendor dos faraós, temos notícia dos grandes studs nos séculos 13 e 14, como Baybards, o sultão que mandava colocar sedas preciosas no chão para que seus cavalos desfilassem. O sultão Nacer Ibn Kalaoun (1300 d.C.) pagava fortunas pelos animais, trazidos de todos os cantos do seu reino como sendo os mais perfeitos: uma potranca, filha da égua El Karta, foi paga com cem mil dracmas em ouro, mais uma parte em terras na Síria (Este valor em dracmas daria hoje mais de 5,6 milhões de dólares). Quando o sultão Barkuq faleceu (século14) haviam sete mil éguas em suas cocheiras. Depois o Egito foi subjugado por invasores e os grandes studs voltam a aparecer com Mohammed Ali, em 1805. Até então, as tribos nômades, permanentemente em guerra, mantêm suas éguas como parte da família, alimentando-as com tâmaras e leite de camelo, e dormindo em sua tenda. Por esta razão os animais dóceis foram preservados. O beduíno tem o cavalo como parte de sua vida e sobrevivência. E assim o cavalo árabe vai sendo preservado através das idades, passada a tradição de pais a filhos, como o fogo conservado com tanto sacrifício entre os homens primitivos. Em 1815 Mohammed Ali, um dos chefes turcos que então dominavam o Egito, mandou um exército chefiado por Ibrahim Pasha, seu filho , contra o poder crescente dos wahabis, em Nejd. Depois de bem-sucedida essa invasão, Ibrahim Pasha voltou para o Egito trazendo consigo duzentas esplêndidas éguas e os garanhões capturados em Ryad e outras cidades do Nejd. Estes magníficos animais representavam o sangue mais puro das tribos do deserto e foram aumentar a glória dos estábulos reais de Mohammed Ali. Uma segunda expedição, mais organizada, também comandada por Ibrahim Pasha, penetrou novamente na Arábia capturando Touryf, e com isto, o stud inteiro de Saoud, o rei wahabi. Estes animais deram a Ibrahim Pasha a possibilidade de estabelecer seu próprio stud. Assim o Egito possuía novamente dois grandes criatórios, com o material melhor e mais refinado da Arábia. Os viajantes no Egito que tiveram o privilégio de visitar os studs de Mohammed Ali e Ibrahim Pasha eram unânimes em constatar a beleza espetacular dos animais ali reunidos. Porém, as condições em que estes animais eram mantidos deixavam os visitantes indignados. Estábulos pouco ventilados e sujos, com poucos homens para cuidar; na maioria garotos, que além de não os soltarem nem cuidarem da limpeza, ainda roubavam a comida destinada aos animais. Muitos morreram e pouco a pouco a qualidade foi decaindo. Alguns foram enviados como presentes a príncipes estrangeiros, mas o destino cuidou para que tudo não fosse perdido.
Abbas Pasha
O neto de Mohammed Ali, quando criança, tinha assistido à procissão triunfal do exército de Ibrahim Pasha entrando no Cairo com a fina flor das éguas do deserto, e em seu peito nasceu uma paixão que durou toda sua vida por estes maravilhosos animais. Desde então, tentou reunir, e conseguiu, um grande número de éguas e cavalos de várias proveniências, animais estes que despertavam aquela grande admiração que ele sentira em criança. Durante o declínio dos studs de seu tio e seu avô, comprou tudo o que foi possível. Em 1836, com 23 anos, Abbas Pasha tornou-se vice-rei do Egito. Abbas Pasha mandou construir um magnífico palácio no deserto Dar al Bayda, entre Cairo e Suez, com todo o cuidado para o bem estar de seus cavalos. Dizem os que o visitaram que em seus melhores tempos o stud compreendia mil animais, das mais nobres e refinadas origens. Abbas Pasha morava neste palácio, e assim podia passar o dia entre os jardins, alegrando seus olhos perante a visão de seus esplêndidos animais. A importância do stud de Abbas Pasha é a maior, na história do cavalo árabe. A pureza racial, o refinamento, a beleza e a perfeição dos espécimes por ele reunidos é reconhecida por todos. Sua exigência quanto ao pedigree, que naquela época não costumava ser escrito, obrigou um studo de genealogias para garantir a pureza racial da qual ele fazia questão absoluta. Foi feito o primeiro Stud Book: Abbas Pasha.Tudo parecia indicar que o futuro seria brilhante.
Mais uma vez o destino mudou o rumo e em 1854 Abbas Pasha foi assassinado. Este vice-rei de Egito foi um dos maiores conhecedores da raça árabe. A dedicação de sua vida inteira e o cuidado com que seus animais foram escolhidos; seus manuscritos, tornando possível o conhecimento de todas as linhas de sangue - que eram transmitidas oralmente entre os membros das tribos - , tudo foi anotado por um escriba de confiança, acompanhado por alto dignitário de sua majestade. Portanto, pode-se considerar, sem dúvida alguma, que os únicos cavalos de pureza inquestionável foram os de Abbas Pasha. Enquanto os relatos de visitantes em outros studs historicamente famosos descrevem a velocidade e as vitórias em corrida, os que puderam ver os cavalos de Abbas Pasha descrevem apenas a extraordinária beleza e majestade destes animais. El Hami Pasha herdou o reino de seu pai e o stud, mas não tendo o talento necessário, não pôde manter este estabelecimento e morreu três anos depois. Para pagar suas dívidas, o tesouro inestimável da coleção fantástica de seu pai foi a leilão. Reis e príncipes europeus enviaram representantes, ou vieram pessoalmente, assim como vários nobres, ansiosos para enriquecer seus estabelecimentos com os melhores espécimes do mundo. Preços incríveis foram atingidos, e mais ou menos duzentos animais foram para vários países: Itália, Alemanha, França, Polônia, Hungria. O grande interesse em torno das corridas tornava necessário o cruzamento repetido com sangue árabe do deserto, e cada país seguia uma orientação diferente. Porém, a influência destes animais, utilizados desta maneira, foi se diluindo e nada foi conservado em termos puros. Felizmente, um jovem de família nobre do Cairo, admirador e profundo conhecedor do stud de Abbas Pasha, arrematou as mais valiosas linhas de sangue no leilão. Ali Pasha Cheriff, um dos mais ricos proprietários de terras do Egito, entusiasmado com os melhores garanhões e as mais belas éguas que comprara, estabeleceu sua própria criação, agora governador da Síria. Durante os anos subseqüentes, Ali Pasha Cheriff devotou sua fortuna pessoal e todo o seu conhecimento ao estabelecimento. Seu maior prazer era manter as suas éguas tratadas como princesas orientais em harém: elas desfilavam, maravilhosas, banhadas, penteadas e enfeitadas com cabrestos preciosos, somente para seus olhos. Porém, quando o Pasha envelheceu , seus filhos conspiraram contra ele e achando que sua fortuna fabulosa estava sendo desperdiçada, decidiram vender o stud. Ali Pasha Cheriff, algumas semanas depois, com o coração despedaçado ao ver seus animais irem a leilão, não resistiu e morreu, terminando assim, para sempre, a magnificência dos grandes studs do Oriente Médio.
O CAVALO DO BEDUÍNO
Muitas das atuais características do cavalo árabe resultam de sua adaptação ao deserto. São, com certeza, aspectos de sua conformação primitiva que foram privilegiados, selecionados e desenvolvidos com grande sabedoria pelos beduínos. Isso foi realizado com tal maestria através de conceitos e ensinamentos passados de geração para geração durante milênios, que nenhum hipólogo ou compêndio sobre eqüinos se recusa ou mesmo titubeia em afirmar que o Puro Sangue Árabe é o mais perfeito animal e o verdadeiro protótipo do cavalo de sela.
OS OLHOS
Os olhos do cavalo árabe são típicos de muitas espécimes de animais do deserto. Grandes e salientes, eles são responsáveis por prover o animal de uma excelente visão, a qual alertava os primitivos cavalos Árabes dos ataques de seus predadores.
NARINAS
As narinas do cavalo Árabe que se dilatam quando ele corre ou está excitado, proporcionam uma grande captação de ar. Normalmente as narinas se encontram semi-cerradas reduzindo a poeira proveniente da respiração nos climas mais secos como no deserto.
MAXILARES
O tamanho e a grande separação entre os maxilares ou ganachas no cavalo Árabe proporcionam um bom espaço para a passagem de sua desenvolvida traquéia - provavelmente esse é um outro fator de adaptação para aumentar a captação de ar.
CARREGAMENTO DE CABEÇA
O carregamento natural de cabeça do cavalo Árabe é muito mais alto do que qualquer outra raça, especialmente ao galope. O alto carregamento da cabeça facilita a passagem do ar, abrindo as flexíveis narinas e alongando a traquéia. É comprovado que os cavalos Árabes possuem maior número de células vermelhas que as outras raças, o que pode indicar que o cavalo Árabe usa o oxigênio mais eficientemente.
PELE
A pele negra por debaixo dos pêlos do cavalo Árabe é visível devido à delicadeza ou ausência de pêlos em torno dos olhos e focinho. Essa pele escura em torno dos olhos reduz o reflexo da luz do sol e também protege contra queimaduras. A fina pele do cavalo Árabe proporciona a rápida evaporação do suor resfriando o cavalo mais rapidamente.
IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA
As veias que se tornam visíveis por saltarem à flor da pele quando o cavalo Árabe enfrenta um grande esforço físico, em contato com o ar, resfriam rapidamente a circulação sanguínea, proporcionando maior conforto em longas jornadas.
CRINA
Os pêlos da crina são normalmente finos e longos, protegendo a cabeça e o pescoço da ação direta do sol. O longo topete na testa também protege os olhos do reflexo e da poeira.
FOCINHO
O pequeno e cônico focinho também deve ser creditado de sua herança do deserto. A escassez de alimentos deve ter reduzido o focinho para o admirado tamanho e formato de hoje. Os finos e ágeis lábios provavelmente são resultados dos ralos pastos do deserto. Os cavalos dos beduínos pastoreavam apenas esporadicamente comendo poucos chumaços de grama aqui e ali, enquanto seguiam em suas longas jornadas. Lábios ágeis podem rapidamente se prover de pequenas porções de ralas gramas e ervas.
ESTRUTURA ÓSSEA
É fato que muitos cavalo Árabes possuem apenas cinco vértebras lombares, diferentes das seis comuns em outras raças. Essa vértebra a menos explica o pequeno lombo e a resultante habilidade em carregar grandes pesos proporcionalmente ao seu tamanho. No entanto, modernas autoridades do cavalo Árabe, como Gladys Brown Edwards, afirmam que não são todos que possuem cinco vértebras, muitos possuem o padrão de seis vértebras. Até hoje não é sabido qual número mais comum de vértebras no cavalo Árabe e não há evidência de que o Árabe que possui cinco seja mais puro ou mais desejável do que o que possui seis.
CARREGAMENTO DA CAUDA
O alto e natural carregamento da cauda é resultado da singular estrutura óssea do cavalo Árabe. A primeira vértebra da cauda, que se liga à parte interna da garupa é levemente inclinada para cima, ao contrário de outras raças que se inclina para baixo.
A CABEÇA
A distinta beleza do cavalo Árabe é uma das principais marcas do tipo da raça. O clássico perfil é marcado por duas características: jibbah e afnas, muito admiradas pelos beduínos.
JIBBAH
É a protuberância acima dos olhos. Nem todos os cavalo Árabes maduros possuem, mas ele é óbvio nos potros. O Jibbah aumenta o tamanho da cavidade nasal proporcionando maior capacidade respiratória.
AFNAS
O afnas é a chamada "cabeça chanfrada". O chanfro é a depressão no osso frontal da cabeça entre os olhos e o focinho, ele apresenta uma curva côncava no perfil da cabeça. Embora o Afnas fosse admirado pelos beduínos como um aspecto de beleza, nem todos os seus cavalos possuíam o chanfro pronunciado, da mesma forma que hoje nem todos os modernos cavalos Árabes possuem esse perfil.
Mas uma cabeça é considerada boa e típica quando possui:
olhos grandes, salientes, bem separados e situados logo abaixo da testa
testa larga
narinas grandes e flexíveis
cabeça descarnada e seca
a expressão geral é alerta, inteligente e vivaz
Os chamados "olhos humanos" ou "branco nos olhos" no qual é visível a esclerótica branca em torno da íris é um ponto polêmico na criação do cavalo Árabe. Margaret Greeley em seu livro "Arabian Exudus" cita Wilfrid Blunt afirmado que o branco nos olhos não era um sinal de mau temperamento, pelo contrário, era uma característica desejada pelos beduínos. Muitos juízes e criadores modernos, no entando, desgostam e penalizam os cavalos que possuem essa característica a despeito do fato dela aparecer em certas antigas e valiosas linhagens.
1 Orelha 26 Boleto
2 Topete 27 Quartela
3 Têmpora 28 Coroa
4 Olho 29 Casco
5 Chanfro 30 Cernelha
6 Narina 31 Dorso
7 Focinho 32 Lombo ou rins
8 Lábios 33 Anca
9 Queixo 34 Vértebras da cauda
10 Lábio inferior 35 Garupa
11 Madíbula 36 Costelas
12 Ganacha 37 Flanco
13 Testa 38 Cilhadouro
14 Nuca 39 Barriga
15 Crina 40 Coxa
16 Pescoço 41 Nádega
17 Garganta 42 Ponto de nádega
18 Laringe 43 Soldra
19 Ponto de paleta 44 Perna
20 Peito 45 Jarrete
21 Paleta 46 Tendão extensor
22 Braço 47 Tendão
23 Antebraço 48 Castanha
24 Joelho 49 Cotovelo
25 Canela 50 Cauda
Para que serve o Cavalo Árabe
3000 Anos de Seleção
As modernas raças de cavalos que conhecemos são frutos de seleção recente, cada qual tentando se especializar em uma das áreas do esporte, trabalho ou lazer.
O Puro Sangue Árabe é o único cavalo que reúne em suas características a possibilidade de realizar bem todas essas funções.
Por que ?
A vida das tribos dos beduínos, há milhares de anos no interior do deserto da Arábia, é a chave para entender essa qualidade do Cavalo Árabe.
Rusticidade e Resistência
Povos nômades e guerreiros, os beduínos procuravam por um animal que os ajudasse em sua luta contra a inclemência do deserto e lhes conferisse poder nas batalhas.
Foram necessários mais de 3 milênios de seleção para se chegar ao cavalo de guerra do deserto: Cavalo Árabe, capaz de resistir a prolongados períodos de trabalho intenso com o mínimo de cuidado e alimentação. Essas qualidades persistem em seu fenótipo e são reconhecidas até hoje, através de competições de longo percurso nos EUA e na Europa. No Brasil, onde essas provas começam a ser realizadas, o Puro Sangue Árabe se destaca sempre nas primeiras colocações. No trabalho da fazenda, os criadores se surpreendem com a produtividade diária do Árabe, capaz de pronta recuperação após um dia inteiro de atividade.
Versatilidade e Coragem
No lombo de um Cavalo Árabe o beduíno era capaz de qualquer proeza. Foi por esta razão que os muçulmanos invadiram Portugal e Espanha no século VIII e as cavalarias das Cruzadas foram dominadas em Jerusalém na Idade Média.
O cavalo já não tem a mesma importância nas batalhas, mas do tórrido deserto, o beduíno legou às gerações futuras um cavalo ágil, veloz, que não conhece barreiras nem perigos.
Em nossos dias, o Cavalo Árabe entusiasma multidões nas corridas dos hipódromos do Egito, Polônia, EUA e Rússia. Encanta o público americano nas difíceis provas de montaria. Auxilia o peão australiano na lida do gado, emociona os brasileiros nas provas de Concurso Completo de Equitação, Hipismo Rural, Clássico, Horse Cross, Copa Rédeas, Laço,Turfe, Vaquejada e tantas outras. O Cavalo Árabe se adapta com facilidade em qualquer terreno, qualquer clima e qualquer tipo de trabalho.
Inteligência e Docilidade
O beduíno mantinha o cavalo em sua tenda como se fosse um membro da família.
Para isso era necessário que o animal tivesse inteligência para respeitar seu senhor e espírito para enfrentar qualquer exigência. Essa é uma das virtudes mais admiradas no Cavalo Árabe, a capacidade de aprender e respeitar sem ser subserviente. A inteligência e dedicação ao homem, sempre foi uma característica que os Árabes procuraram selecionar em seus cavalos. Hoje, tanto como montaria para crianças, instrumento de trabalho em fazenda ou pela habilidade numa pista de prova qualquer, o Cavalo Árabe se mostra imbatível no sentido de aprender com facilidade e obedecer seu dono.
Beleza e Elegância
A beleza em um cavalo não é apenas um requisito estético, ela deve obrigatoriamente estar associada à função do animal. A harmonia e proporção que fazem o Cavalo Árabe tão admirado, são requisitos fundamentais na conformação de um cavalo com capacidade para atender as mais diversas funções. Além disso, o "tipo Árabe" alcançou seu apogeu biológico há dois mil anos e a partir de então, o que os nossos criadores fazem é preservar a pureza e a força desse sangue, fonte de qualidades generosamente doadas a praticamente todas as raças modernas que conhecemos hoje.
Prepotência Genética
Os três mil anos de seleção e aprimoramento do Cavalo Árabe proporcionaram-lhe um poder genético incomparável. A partir da Idade Média, garanhões Árabes foram exportados para quase todas as partes do mundo, dando origem a outras raças e regenerando plantéis inteiros de cavalos.
Assim nasceram o Puro Sangue Inglês, o Orloff, o cavalo de Sela Francês, o Alter, o Trackener, Hanoveriano, o Quarto de Milha, só para citar os mais conhecidos. Até hoje o sangue Árabe ainda é utilizado para melhorar raças, transferindo refinamento, resistência, inteligência e tantas outras qualidades.
Uma das funções mais importantes do reprodutor Árabe no Brasil é a regeneração de cavalos de trabalho e esportes através da mestiçagem. Criações do Interior de São Paulo, Minas, Goiás e Mato Grosso do Sul, têm conseguido verdadeiros milagres ao colocarem o sangue Árabe em suas eguadas.
LENDAS DO CAVALO ÁRABE
Percorria ALAH o mundo logo após a criação quando ao passar sobre o deserto ouviu os gritos e o choro do beduíno.
Ao perguntar-lhe por que assim chorava, respondeu-lhe o árabe:
Vide as riquezas que todos os outros povos ganharam e para mim só tocou areias.
Percebendo ALAH que não havia sido equânime na distribuição das benesses da terra, disse-lhe:
- Pois não chores mais, vou compensar-te dando um presente que não dei a povo algum .
E tomando com a mão direita o vento sul que passava, falou:
- Plasma-te, ó vento sul !Vou fazer de ti uma nova criatura.
Serás o meu presente, e o símbolo de meu amor a meu povo.
Para que sejas único e que nunca te confundam com bestas, terás:
O olhar da águia , a coragem do leão e a velocidade da pantera.
Do elefante dou-te a memória, do tigre a força,da gazela a elegância.
Teus cascos terão a dureza do sílex e teu pêlo a maciez da plumagem da pomba.
Irás saltar mais do que o gamo, e terás do lobo o faro.Serão teus à noite os olhos do leopardo, e te orientarás como o falcão , que sempre volta á sua origem.
Serás incansável como o camelo , e terás do cão o amor ao seu dono.
E finalmente,Hissam (o cavalo ),como um presente meu ao te fazer cavalo e fazer-te Árabe,dou-te para todo o sempre e para que sejas único :
A beleza da Rainha e a majestade do Rei.
ALAH disse ao Vento Sul: "Transforma-te em carne sólida, pois de ti farei uma nova criatura, para a honra do Meu Sagrado Senhor e a desonra dos Meus inimigos, e para ser um criado daqueles que estão sujeitos a Mim". E o vento Sul respondeu: "Senhor, assim se faça por Vós". Então Alá tomou um punhado do Vento Sul e o assoprou, criando o cavalo e dizendo: "Teu nome será Árabe, e a virtude estará no pêlo de teu topete e a pilhagem estará em teu dorso. Tenho preferido a ti entre as bestas de carga, pois fiz de teu patrão teu amigo. Dei-te o poder de voar sem as asas, Lenda seja numa investida violenta como numa retirada. Colocarei homens em teu dorso, cuja honra e louvor sejam a Mim dirigidos e que cantem Aleluia em Meu nome".
O CAVALO ÁRABE NO BRASIL
Embora oficialmente a criação brasileira do Cavalo Árabe tenha começado no Rio Grande do Sul em 1929, com o registro do garanhão Rasul, importado da Argentina por Guilherme Echenique Filho, existem informações seguras de que muitos cavalos Árabes chegaram ao país bem antes disso. Oswaldo Gudole Aranha, emérito criador e presidente da ABCCA entre os anos 1975 a 1977, em seu artigo no primeiro volume do Registro Genealógico do Cavalo Árabe (Stud Book) lembra que Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil no dorso de um Cavalo Árabe e a belíssima obra do pintor que está exposta hoje no museu do Ipiranga na cidade de São Paulo é uma prova concreta desse fato.
Oswaldo Aranha cita ainda registros de importações de cavalos Árabes em 1826, 1837, 1859, 1885 e destacando como sendo uma das mais importantes a realizada em 1894 pelo famoso estadista Assis Brasil que trouxe Amir, Maalek e Mazir, três importantes reprodutores nascidos no próprio deserto e que impressionaram muito as autoridades na época. Depois disso importações da raça realizadas pela Remonta Militar do Exército, pelo Departamento Animal do Ministério da Agricultura e até mesmo por fazendeiros passaram a ser constantes, mas o interesse dos importadores era o de usar o Cavalo Árabe apenas como regenerador do plantel local. O grande mérito da criação regular do Cavalo Árabe no Brasil se deve ao gaúcho Guilherme Echenique Filho que importou da Argentina o garanhão Rasul e sete éguas puras, registrou-os todos num livro de registros aberto a todas as raças bovinas e eqüinas no Rio Grande do Sul e deu início à criação do Haras Er Rasul, uma homenagem a seu primeiro garanhão.
O primeiro Puro Sangue Árabe brasileiro nasceu em 15 de Outubro de 1929. Era uma fêmea, registrada com o número 8 no livro de Registro e o brasileiríssimo nome Airé, filha de Risfan e que veio no útero de Racbdar, uma das sete éguas importadas por Echenique.
Durante os dez primeiros anos de vida da criação de Cavalos Árabes devidamente registrada no Brasil, apenas as Coudelarias Nacionais de Saycan e de Rincão, além da família Echenique, todos sediados no Rio Grande do Sul, registraram 160 animais. Em 1941 o Departamento animal do Ministério de Agricultura, sediado em São Carlos-SP realizou uma grande importação de Cavalos Árabes. Chegaram da França quatro garanhões e 13 éguas dando início a uma das mais importantes criações brasileiras da época. Em 1955, haviam apenas 620 cavalos Árabes puros registrados, por apenas 4 criações quando o Ministério da Agricultura, através de seu departamento de Campo Grande no Mato Grosso do Sul, deu início a sua criação a partir de cavalos levados de São Carlos. Até à década de 60 os principais criadores brasileiros continuavam sendo o Ministério da Agricultura, o governo do Rio Grande do Sul e família Echenique que registraram juntos mais de 98% dos cavalos da época. Fora isso três criadores do Rio Grande Sul influenciados por Echenique e quatro criadores de São Paulo levados pelo departamento Animal de São Carlos registram animais. Praticamente toda a produção era dirigida para a utilização nos Regimentos de Cavalaria do Exército e para a regeneração de tropas de fazendeiros através de postos de monta.
A criação do Cavalo Árabe no Brasil começou realmente a mudar quando em 1964, Dr. Aloysio de Andrade Faria importou três garanhões e seis éguas dos Estados Unidos, fundou a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe e reuniu os registros do Rio Grande do Sul e de São Carlos no Stud Book Brasileiro do Cavalo Árabe.
Com a criação brasileira organizada e começando a realizar encontros e exposições, leilões e importações bastaram apenas dez anos para que o número de cavalos atingisse o mesmo número que demorou 35 anos para serem registrados. Essa nova fase da criação brasileira foi até o início da década de 90, foi marcada pelas grandes importações e pela difusão da raça em todo o território Nacional. Chegaram ao Brasil Campeões Nacionais Americanos e Canadenses, reprodutoras de campeões e o Cavalo Árabe passou a ser criado em treze estados brasileiros.
Hoje, 83 anos após o primeiro registro de um Cavalo Árabe no Brasil, a criação brasileira exporta cavalos Árabes para países da América do Sul, América do Norte, Europa, Oriente Médio e Austrália e é reconhecida como uma das mais importantes criações do mundo. Tem cerca de 35 mil cavalos puros registrados, 3241 haras inscritos no Stud Book e é uma das mais destacadas raças no país.
Origem
É uma das mais puras e antigas raças de cavalos do mundo e que praticamente entrou na formação de quase todas as raças modernas. Selecionada no deserto da Península Arábica, entre o mar Vermelho e o Golfo Pérsico, por onde vagavam algumas tribos nômades; a quem se deve a pureza sanguínea na seleção do cavalo árabe e a importância dada às éguas mães - Koheilan, Seglawi, Ibeion, Handani e Habdan, as cinco éguas que serviram de matrizes para as cinco principais linhagens que compõe a raça Árabe até os nossos dias.
Características
Cavalo com altura média de 1.50m, podendo atualmente chegar até 1.58m, possue cabeça de forma triangular com perfil concavo, orelhas pequenas, olhos grandes arredondados e muito salientes, narinas dilatadas, ganachos arredondados, boca pequena, pescoço alto e curvilíneo em sua linha superior, peito amplo, tórax amplo, dorso e lombo médios, garupa horizontal e saída de cauda alta que permanece elevada durante o movimento.
Seu trote e galope são rasteiros, amplos e cadenciados, com muito garbo, tendo temperamento muito vivo e grande resistência. As pelagens básicas são alazã, castanha, tordilha e preta.
Aptidões
Pelas suas características são aptos aos esportes hípicos de salto e adestramento em categorias intermediárias, hipismo rural, enduro e trabalhos agro-pecuários.
Igualmente, outra característica marcante é formado do pescoço e o seu porte: sinuoso e arqueado, chamado de cisne, e o cavalo o torna mais expressivo, elevando a cabeça.
Finalmente, sua garupa é praticamente reta e o rabo, com inserção alta, é levantado pelo animal, como que desfraldando a cauda.
Carga Genética: Trata-se da raça básica que deu carga genética às demais cultivadas na atualidade.
Quando o cavalo evoluiu, através de milhões de anos, desde a Pré- História, partiu da Ásia Central uma linhagem de animais delicados e exuberantes, denominados por muitos pesquisadores como o Cavalo Ágil. Esta linhagem desceu para os desertos da península arábica e, posteriormente, pelo Egito, chegou aos desertos do Norte da África.
As invasões muçulmanas e os animais capturados por Europeus em combate com os árabes, difundiram a raça por toda a parte.
A criação teve seu auge nos sultanatos turcos, depois decaiu com o fim do Império turco, para ressurgir graças ao interesse de criadores europeus.
Trata-se de um grande raçador, dando nobreza aos produtos resultantes de sua cruza com equinos de raças mais rudes; nos esportes, sua fantástica resistência é quase insuperável.
Altura: de 1,42 a 1,51m, embora os puristas não aceitem mais de 1,45m como ideal.
Pelagem: Castanha ou alazã, passível de tornar-se tordilha se pelo menos um dos genitores o for.
BELEZA, RESISTÊNCIA E INTELIGÊNCIA
História: Desenvolvida por beduínos nômades do deserto da Arábia, que queriam exemplares que resistissem ao clima e às batalhas. Foi descoberto pelos europeus anos depois e usado para melhorar o plantel das tropas militares.
Características: Resistência, inteligência, velocidade e versatilidade são qualidades marcantes. Pode ser reconhecido por sua cabeça pequena e côncava, o pescoço arqueado, a linha de garupa horizontal e a cauda levantada.
Aptidão: O cavalo Árabe é destaque em provas de salto, enduro, western pleasure, halter, e outras.
No Brasil: As primeiras importações aconteceram em 1837 e voltam a acontecer em 1922. A ABCCA foi fundada apenas em 1965 e o primeiro livro do Stud Book foi editado em 1980. A criação brasileira é hoje uma das melhores do mundo.
HISTÓRIA DO CAVALO ÁRABE NO MUNDO
por Lenita Perroy
A origem do cavalo árabe, depois de muitas pesquisas e de divergências históricas, continua sem uma prova definitiva: teria sido uma espécie selvagem que assumiu com o tempo sua forma, originária de cruzamentos entre outras? Teria o homem interferido nessa formação? A questão permanece envolta em mistério. Na verdade a primeira imagem aparece num baixo relevo egípcio do século 16 antes de Cristo.
A Cavalo Árabe de hoje tem uma cabeça pequena e côncava , pescoço arqueado, linha de garupa horizontal e cauda levantada de inserção alta. Estas características foram mantidas até hoje, através de 36 séculos. Quem poderá realmente dizer quantos outros se passaram até que estas características tivessem sido adquiridas e fixadas.
Não existe dúvida de que é a raça mais antiga do mundo, e a nenhuma outra se pode comparar em conformação, equilíbrio e beleza. Mas não foi por essas qualidades que durante 3500 anos o cavalo árabe foi tão apreciado: foi por sua extraordinária capacidade como cavalo de guerra. Pela velocidade, resistência, agilidade e inteligência.
O poderio dos impérios e de seus exércitos foi cada vez mais baseado na cavalaria. E pouco a pouco, a cavalaria ligeira ultrapassava em muito a pesada, com armaduras e armas de maneio lento. Os guerrilheiros montados em "cavalos que voavam nos pés" tornavam-se famosos e muito temidos.
Em 700 a.C. havia uma procura generalizada deste tipo de cavalo. Guerras eram iniciadas com o único fim de obtê-los em maior número possível. As lutas se sucediam entre assírios, persas, povos das estepes, em torno do mar Vermelho, até o Egito. Em selos, jóias, relevos e pinturas, encontramos a mesma imagem do cavalo árabe característico através dos séculos.
A lenda conta que Maomé, depois de uma longa caminhada, mandou que soltassem os animais para tomar água. Antes que eles chegassem ao lago, ele os chamou de volta, e apenas cinco éguas pararam, e em vez de matar a sede voltaram atendendo ao chamado do profeta. Ele abençoou estas cinco éguas, e delas se formaram as cinco linhagens famosas.
Porém, todas as referências citam apenas Kehilan Ajuz,que se confunde com o termo "puro". Portanto, todas as linhagens formaram-se a partir de Kehilan Ajuz. Somente em 1800 temos como definitivo a existência das várias linhagens: Kehilan, Seglawi, Maneghi, Abeyan, Dahman. Porém para os beduínos "são todos Kehilan".
Apesar de haver descrições, com características diversas, destas linhagens, notamos com surpresa que elas são continuamente cruzadas entre si, tornando difícil seu reconhecimento. Mais tarde, as tribos de beduínos criaram sublinhagens, isolando pela distância suas tropas.
Grandes studs
A paixão pelo cavalo levou faraós, reis, imperadores e uma série de homens poderosos a colecionar o que havia de melhor. Preços fabulosos, resgates de príncipes, e mesmo cidades inteiras foram trocados por esplendidos animais, quando não eram arrancados a preço de sangue.
Depois do esplendor dos faraós, temos notícia dos grandes studs nos séculos 13 e 14, como Baybards, o sultão que mandava colocar sedas preciosas no chão para que seus cavalos desfilassem. O sultão Nacer Ibn Kalaoun (1300 d.C.) pagava fortunas pelos animais, trazidos de todos os cantos do seu reino como sendo os mais perfeitos: uma potranca, filha da égua El Karta, foi paga com cem mil dracmas em ouro, mais uma parte em terras na Síria (Este valor em dracmas daria hoje mais de 5,6 milhões de dólares). Quando o sultão Barkuq faleceu (século14) haviam sete mil éguas em suas cocheiras. Depois o Egito foi subjugado por invasores e os grandes studs voltam a aparecer com Mohammed Ali, em 1805. Até então, as tribos nômades, permanentemente em guerra, mantêm suas éguas como parte da família, alimentando-as com tâmaras e leite de camelo, e dormindo em sua tenda. Por esta razão os animais dóceis foram preservados. O beduíno tem o cavalo como parte de sua vida e sobrevivência. E assim o cavalo árabe vai sendo preservado através das idades, passada a tradição de pais a filhos, como o fogo conservado com tanto sacrifício entre os homens primitivos. Em 1815 Mohammed Ali, um dos chefes turcos que então dominavam o Egito, mandou um exército chefiado por Ibrahim Pasha, seu filho , contra o poder crescente dos wahabis, em Nejd. Depois de bem-sucedida essa invasão, Ibrahim Pasha voltou para o Egito trazendo consigo duzentas esplêndidas éguas e os garanhões capturados em Ryad e outras cidades do Nejd. Estes magníficos animais representavam o sangue mais puro das tribos do deserto e foram aumentar a glória dos estábulos reais de Mohammed Ali. Uma segunda expedição, mais organizada, também comandada por Ibrahim Pasha, penetrou novamente na Arábia capturando Touryf, e com isto, o stud inteiro de Saoud, o rei wahabi. Estes animais deram a Ibrahim Pasha a possibilidade de estabelecer seu próprio stud. Assim o Egito possuía novamente dois grandes criatórios, com o material melhor e mais refinado da Arábia. Os viajantes no Egito que tiveram o privilégio de visitar os studs de Mohammed Ali e Ibrahim Pasha eram unânimes em constatar a beleza espetacular dos animais ali reunidos. Porém, as condições em que estes animais eram mantidos deixavam os visitantes indignados. Estábulos pouco ventilados e sujos, com poucos homens para cuidar; na maioria garotos, que além de não os soltarem nem cuidarem da limpeza, ainda roubavam a comida destinada aos animais. Muitos morreram e pouco a pouco a qualidade foi decaindo. Alguns foram enviados como presentes a príncipes estrangeiros, mas o destino cuidou para que tudo não fosse perdido.
Abbas Pasha
O neto de Mohammed Ali, quando criança, tinha assistido à procissão triunfal do exército de Ibrahim Pasha entrando no Cairo com a fina flor das éguas do deserto, e em seu peito nasceu uma paixão que durou toda sua vida por estes maravilhosos animais. Desde então, tentou reunir, e conseguiu, um grande número de éguas e cavalos de várias proveniências, animais estes que despertavam aquela grande admiração que ele sentira em criança. Durante o declínio dos studs de seu tio e seu avô, comprou tudo o que foi possível. Em 1836, com 23 anos, Abbas Pasha tornou-se vice-rei do Egito. Abbas Pasha mandou construir um magnífico palácio no deserto Dar al Bayda, entre Cairo e Suez, com todo o cuidado para o bem estar de seus cavalos. Dizem os que o visitaram que em seus melhores tempos o stud compreendia mil animais, das mais nobres e refinadas origens. Abbas Pasha morava neste palácio, e assim podia passar o dia entre os jardins, alegrando seus olhos perante a visão de seus esplêndidos animais. A importância do stud de Abbas Pasha é a maior, na história do cavalo árabe. A pureza racial, o refinamento, a beleza e a perfeição dos espécimes por ele reunidos é reconhecida por todos. Sua exigência quanto ao pedigree, que naquela época não costumava ser escrito, obrigou um studo de genealogias para garantir a pureza racial da qual ele fazia questão absoluta. Foi feito o primeiro Stud Book: Abbas Pasha.Tudo parecia indicar que o futuro seria brilhante.
Mais uma vez o destino mudou o rumo e em 1854 Abbas Pasha foi assassinado. Este vice-rei de Egito foi um dos maiores conhecedores da raça árabe. A dedicação de sua vida inteira e o cuidado com que seus animais foram escolhidos; seus manuscritos, tornando possível o conhecimento de todas as linhas de sangue - que eram transmitidas oralmente entre os membros das tribos - , tudo foi anotado por um escriba de confiança, acompanhado por alto dignitário de sua majestade. Portanto, pode-se considerar, sem dúvida alguma, que os únicos cavalos de pureza inquestionável foram os de Abbas Pasha. Enquanto os relatos de visitantes em outros studs historicamente famosos descrevem a velocidade e as vitórias em corrida, os que puderam ver os cavalos de Abbas Pasha descrevem apenas a extraordinária beleza e majestade destes animais. El Hami Pasha herdou o reino de seu pai e o stud, mas não tendo o talento necessário, não pôde manter este estabelecimento e morreu três anos depois. Para pagar suas dívidas, o tesouro inestimável da coleção fantástica de seu pai foi a leilão. Reis e príncipes europeus enviaram representantes, ou vieram pessoalmente, assim como vários nobres, ansiosos para enriquecer seus estabelecimentos com os melhores espécimes do mundo. Preços incríveis foram atingidos, e mais ou menos duzentos animais foram para vários países: Itália, Alemanha, França, Polônia, Hungria. O grande interesse em torno das corridas tornava necessário o cruzamento repetido com sangue árabe do deserto, e cada país seguia uma orientação diferente. Porém, a influência destes animais, utilizados desta maneira, foi se diluindo e nada foi conservado em termos puros. Felizmente, um jovem de família nobre do Cairo, admirador e profundo conhecedor do stud de Abbas Pasha, arrematou as mais valiosas linhas de sangue no leilão. Ali Pasha Cheriff, um dos mais ricos proprietários de terras do Egito, entusiasmado com os melhores garanhões e as mais belas éguas que comprara, estabeleceu sua própria criação, agora governador da Síria. Durante os anos subseqüentes, Ali Pasha Cheriff devotou sua fortuna pessoal e todo o seu conhecimento ao estabelecimento. Seu maior prazer era manter as suas éguas tratadas como princesas orientais em harém: elas desfilavam, maravilhosas, banhadas, penteadas e enfeitadas com cabrestos preciosos, somente para seus olhos. Porém, quando o Pasha envelheceu , seus filhos conspiraram contra ele e achando que sua fortuna fabulosa estava sendo desperdiçada, decidiram vender o stud. Ali Pasha Cheriff, algumas semanas depois, com o coração despedaçado ao ver seus animais irem a leilão, não resistiu e morreu, terminando assim, para sempre, a magnificência dos grandes studs do Oriente Médio.
O CAVALO DO BEDUÍNO
Muitas das atuais características do cavalo árabe resultam de sua adaptação ao deserto. São, com certeza, aspectos de sua conformação primitiva que foram privilegiados, selecionados e desenvolvidos com grande sabedoria pelos beduínos. Isso foi realizado com tal maestria através de conceitos e ensinamentos passados de geração para geração durante milênios, que nenhum hipólogo ou compêndio sobre eqüinos se recusa ou mesmo titubeia em afirmar que o Puro Sangue Árabe é o mais perfeito animal e o verdadeiro protótipo do cavalo de sela.
OS OLHOS
Os olhos do cavalo árabe são típicos de muitas espécimes de animais do deserto. Grandes e salientes, eles são responsáveis por prover o animal de uma excelente visão, a qual alertava os primitivos cavalos Árabes dos ataques de seus predadores.
NARINAS
As narinas do cavalo Árabe que se dilatam quando ele corre ou está excitado, proporcionam uma grande captação de ar. Normalmente as narinas se encontram semi-cerradas reduzindo a poeira proveniente da respiração nos climas mais secos como no deserto.
MAXILARES
O tamanho e a grande separação entre os maxilares ou ganachas no cavalo Árabe proporcionam um bom espaço para a passagem de sua desenvolvida traquéia - provavelmente esse é um outro fator de adaptação para aumentar a captação de ar.
CARREGAMENTO DE CABEÇA
O carregamento natural de cabeça do cavalo Árabe é muito mais alto do que qualquer outra raça, especialmente ao galope. O alto carregamento da cabeça facilita a passagem do ar, abrindo as flexíveis narinas e alongando a traquéia. É comprovado que os cavalos Árabes possuem maior número de células vermelhas que as outras raças, o que pode indicar que o cavalo Árabe usa o oxigênio mais eficientemente.
PELE
A pele negra por debaixo dos pêlos do cavalo Árabe é visível devido à delicadeza ou ausência de pêlos em torno dos olhos e focinho. Essa pele escura em torno dos olhos reduz o reflexo da luz do sol e também protege contra queimaduras. A fina pele do cavalo Árabe proporciona a rápida evaporação do suor resfriando o cavalo mais rapidamente.
IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA
As veias que se tornam visíveis por saltarem à flor da pele quando o cavalo Árabe enfrenta um grande esforço físico, em contato com o ar, resfriam rapidamente a circulação sanguínea, proporcionando maior conforto em longas jornadas.
CRINA
Os pêlos da crina são normalmente finos e longos, protegendo a cabeça e o pescoço da ação direta do sol. O longo topete na testa também protege os olhos do reflexo e da poeira.
FOCINHO
O pequeno e cônico focinho também deve ser creditado de sua herança do deserto. A escassez de alimentos deve ter reduzido o focinho para o admirado tamanho e formato de hoje. Os finos e ágeis lábios provavelmente são resultados dos ralos pastos do deserto. Os cavalos dos beduínos pastoreavam apenas esporadicamente comendo poucos chumaços de grama aqui e ali, enquanto seguiam em suas longas jornadas. Lábios ágeis podem rapidamente se prover de pequenas porções de ralas gramas e ervas.
ESTRUTURA ÓSSEA
É fato que muitos cavalo Árabes possuem apenas cinco vértebras lombares, diferentes das seis comuns em outras raças. Essa vértebra a menos explica o pequeno lombo e a resultante habilidade em carregar grandes pesos proporcionalmente ao seu tamanho. No entanto, modernas autoridades do cavalo Árabe, como Gladys Brown Edwards, afirmam que não são todos que possuem cinco vértebras, muitos possuem o padrão de seis vértebras. Até hoje não é sabido qual número mais comum de vértebras no cavalo Árabe e não há evidência de que o Árabe que possui cinco seja mais puro ou mais desejável do que o que possui seis.
CARREGAMENTO DA CAUDA
O alto e natural carregamento da cauda é resultado da singular estrutura óssea do cavalo Árabe. A primeira vértebra da cauda, que se liga à parte interna da garupa é levemente inclinada para cima, ao contrário de outras raças que se inclina para baixo.
A CABEÇA
A distinta beleza do cavalo Árabe é uma das principais marcas do tipo da raça. O clássico perfil é marcado por duas características: jibbah e afnas, muito admiradas pelos beduínos.
JIBBAH
É a protuberância acima dos olhos. Nem todos os cavalo Árabes maduros possuem, mas ele é óbvio nos potros. O Jibbah aumenta o tamanho da cavidade nasal proporcionando maior capacidade respiratória.
AFNAS
O afnas é a chamada "cabeça chanfrada". O chanfro é a depressão no osso frontal da cabeça entre os olhos e o focinho, ele apresenta uma curva côncava no perfil da cabeça. Embora o Afnas fosse admirado pelos beduínos como um aspecto de beleza, nem todos os seus cavalos possuíam o chanfro pronunciado, da mesma forma que hoje nem todos os modernos cavalos Árabes possuem esse perfil.
Mas uma cabeça é considerada boa e típica quando possui:
olhos grandes, salientes, bem separados e situados logo abaixo da testa
testa larga
narinas grandes e flexíveis
cabeça descarnada e seca
a expressão geral é alerta, inteligente e vivaz
Os chamados "olhos humanos" ou "branco nos olhos" no qual é visível a esclerótica branca em torno da íris é um ponto polêmico na criação do cavalo Árabe. Margaret Greeley em seu livro "Arabian Exudus" cita Wilfrid Blunt afirmado que o branco nos olhos não era um sinal de mau temperamento, pelo contrário, era uma característica desejada pelos beduínos. Muitos juízes e criadores modernos, no entando, desgostam e penalizam os cavalos que possuem essa característica a despeito do fato dela aparecer em certas antigas e valiosas linhagens.
1 Orelha 26 Boleto
2 Topete 27 Quartela
3 Têmpora 28 Coroa
4 Olho 29 Casco
5 Chanfro 30 Cernelha
6 Narina 31 Dorso
7 Focinho 32 Lombo ou rins
8 Lábios 33 Anca
9 Queixo 34 Vértebras da cauda
10 Lábio inferior 35 Garupa
11 Madíbula 36 Costelas
12 Ganacha 37 Flanco
13 Testa 38 Cilhadouro
14 Nuca 39 Barriga
15 Crina 40 Coxa
16 Pescoço 41 Nádega
17 Garganta 42 Ponto de nádega
18 Laringe 43 Soldra
19 Ponto de paleta 44 Perna
20 Peito 45 Jarrete
21 Paleta 46 Tendão extensor
22 Braço 47 Tendão
23 Antebraço 48 Castanha
24 Joelho 49 Cotovelo
25 Canela 50 Cauda
Para que serve o Cavalo Árabe
3000 Anos de Seleção
As modernas raças de cavalos que conhecemos são frutos de seleção recente, cada qual tentando se especializar em uma das áreas do esporte, trabalho ou lazer.
O Puro Sangue Árabe é o único cavalo que reúne em suas características a possibilidade de realizar bem todas essas funções.
Por que ?
A vida das tribos dos beduínos, há milhares de anos no interior do deserto da Arábia, é a chave para entender essa qualidade do Cavalo Árabe.
Rusticidade e Resistência
Povos nômades e guerreiros, os beduínos procuravam por um animal que os ajudasse em sua luta contra a inclemência do deserto e lhes conferisse poder nas batalhas.
Foram necessários mais de 3 milênios de seleção para se chegar ao cavalo de guerra do deserto: Cavalo Árabe, capaz de resistir a prolongados períodos de trabalho intenso com o mínimo de cuidado e alimentação. Essas qualidades persistem em seu fenótipo e são reconhecidas até hoje, através de competições de longo percurso nos EUA e na Europa. No Brasil, onde essas provas começam a ser realizadas, o Puro Sangue Árabe se destaca sempre nas primeiras colocações. No trabalho da fazenda, os criadores se surpreendem com a produtividade diária do Árabe, capaz de pronta recuperação após um dia inteiro de atividade.
Versatilidade e Coragem
No lombo de um Cavalo Árabe o beduíno era capaz de qualquer proeza. Foi por esta razão que os muçulmanos invadiram Portugal e Espanha no século VIII e as cavalarias das Cruzadas foram dominadas em Jerusalém na Idade Média.
O cavalo já não tem a mesma importância nas batalhas, mas do tórrido deserto, o beduíno legou às gerações futuras um cavalo ágil, veloz, que não conhece barreiras nem perigos.
Em nossos dias, o Cavalo Árabe entusiasma multidões nas corridas dos hipódromos do Egito, Polônia, EUA e Rússia. Encanta o público americano nas difíceis provas de montaria. Auxilia o peão australiano na lida do gado, emociona os brasileiros nas provas de Concurso Completo de Equitação, Hipismo Rural, Clássico, Horse Cross, Copa Rédeas, Laço,Turfe, Vaquejada e tantas outras. O Cavalo Árabe se adapta com facilidade em qualquer terreno, qualquer clima e qualquer tipo de trabalho.
Inteligência e Docilidade
O beduíno mantinha o cavalo em sua tenda como se fosse um membro da família.
Para isso era necessário que o animal tivesse inteligência para respeitar seu senhor e espírito para enfrentar qualquer exigência. Essa é uma das virtudes mais admiradas no Cavalo Árabe, a capacidade de aprender e respeitar sem ser subserviente. A inteligência e dedicação ao homem, sempre foi uma característica que os Árabes procuraram selecionar em seus cavalos. Hoje, tanto como montaria para crianças, instrumento de trabalho em fazenda ou pela habilidade numa pista de prova qualquer, o Cavalo Árabe se mostra imbatível no sentido de aprender com facilidade e obedecer seu dono.
Beleza e Elegância
A beleza em um cavalo não é apenas um requisito estético, ela deve obrigatoriamente estar associada à função do animal. A harmonia e proporção que fazem o Cavalo Árabe tão admirado, são requisitos fundamentais na conformação de um cavalo com capacidade para atender as mais diversas funções. Além disso, o "tipo Árabe" alcançou seu apogeu biológico há dois mil anos e a partir de então, o que os nossos criadores fazem é preservar a pureza e a força desse sangue, fonte de qualidades generosamente doadas a praticamente todas as raças modernas que conhecemos hoje.
Prepotência Genética
Os três mil anos de seleção e aprimoramento do Cavalo Árabe proporcionaram-lhe um poder genético incomparável. A partir da Idade Média, garanhões Árabes foram exportados para quase todas as partes do mundo, dando origem a outras raças e regenerando plantéis inteiros de cavalos.
Assim nasceram o Puro Sangue Inglês, o Orloff, o cavalo de Sela Francês, o Alter, o Trackener, Hanoveriano, o Quarto de Milha, só para citar os mais conhecidos. Até hoje o sangue Árabe ainda é utilizado para melhorar raças, transferindo refinamento, resistência, inteligência e tantas outras qualidades.
Uma das funções mais importantes do reprodutor Árabe no Brasil é a regeneração de cavalos de trabalho e esportes através da mestiçagem. Criações do Interior de São Paulo, Minas, Goiás e Mato Grosso do Sul, têm conseguido verdadeiros milagres ao colocarem o sangue Árabe em suas eguadas.
LENDAS DO CAVALO ÁRABE
Percorria ALAH o mundo logo após a criação quando ao passar sobre o deserto ouviu os gritos e o choro do beduíno.
Ao perguntar-lhe por que assim chorava, respondeu-lhe o árabe:
Vide as riquezas que todos os outros povos ganharam e para mim só tocou areias.
Percebendo ALAH que não havia sido equânime na distribuição das benesses da terra, disse-lhe:
- Pois não chores mais, vou compensar-te dando um presente que não dei a povo algum .
E tomando com a mão direita o vento sul que passava, falou:
- Plasma-te, ó vento sul !Vou fazer de ti uma nova criatura.
Serás o meu presente, e o símbolo de meu amor a meu povo.
Para que sejas único e que nunca te confundam com bestas, terás:
O olhar da águia , a coragem do leão e a velocidade da pantera.
Do elefante dou-te a memória, do tigre a força,da gazela a elegância.
Teus cascos terão a dureza do sílex e teu pêlo a maciez da plumagem da pomba.
Irás saltar mais do que o gamo, e terás do lobo o faro.Serão teus à noite os olhos do leopardo, e te orientarás como o falcão , que sempre volta á sua origem.
Serás incansável como o camelo , e terás do cão o amor ao seu dono.
E finalmente,Hissam (o cavalo ),como um presente meu ao te fazer cavalo e fazer-te Árabe,dou-te para todo o sempre e para que sejas único :
A beleza da Rainha e a majestade do Rei.
ALAH disse ao Vento Sul: "Transforma-te em carne sólida, pois de ti farei uma nova criatura, para a honra do Meu Sagrado Senhor e a desonra dos Meus inimigos, e para ser um criado daqueles que estão sujeitos a Mim". E o vento Sul respondeu: "Senhor, assim se faça por Vós". Então Alá tomou um punhado do Vento Sul e o assoprou, criando o cavalo e dizendo: "Teu nome será Árabe, e a virtude estará no pêlo de teu topete e a pilhagem estará em teu dorso. Tenho preferido a ti entre as bestas de carga, pois fiz de teu patrão teu amigo. Dei-te o poder de voar sem as asas, Lenda seja numa investida violenta como numa retirada. Colocarei homens em teu dorso, cuja honra e louvor sejam a Mim dirigidos e que cantem Aleluia em Meu nome".
O CAVALO ÁRABE NO BRASIL
Embora oficialmente a criação brasileira do Cavalo Árabe tenha começado no Rio Grande do Sul em 1929, com o registro do garanhão Rasul, importado da Argentina por Guilherme Echenique Filho, existem informações seguras de que muitos cavalos Árabes chegaram ao país bem antes disso. Oswaldo Gudole Aranha, emérito criador e presidente da ABCCA entre os anos 1975 a 1977, em seu artigo no primeiro volume do Registro Genealógico do Cavalo Árabe (Stud Book) lembra que Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil no dorso de um Cavalo Árabe e a belíssima obra do pintor que está exposta hoje no museu do Ipiranga na cidade de São Paulo é uma prova concreta desse fato.
Oswaldo Aranha cita ainda registros de importações de cavalos Árabes em 1826, 1837, 1859, 1885 e destacando como sendo uma das mais importantes a realizada em 1894 pelo famoso estadista Assis Brasil que trouxe Amir, Maalek e Mazir, três importantes reprodutores nascidos no próprio deserto e que impressionaram muito as autoridades na época. Depois disso importações da raça realizadas pela Remonta Militar do Exército, pelo Departamento Animal do Ministério da Agricultura e até mesmo por fazendeiros passaram a ser constantes, mas o interesse dos importadores era o de usar o Cavalo Árabe apenas como regenerador do plantel local. O grande mérito da criação regular do Cavalo Árabe no Brasil se deve ao gaúcho Guilherme Echenique Filho que importou da Argentina o garanhão Rasul e sete éguas puras, registrou-os todos num livro de registros aberto a todas as raças bovinas e eqüinas no Rio Grande do Sul e deu início à criação do Haras Er Rasul, uma homenagem a seu primeiro garanhão.
O primeiro Puro Sangue Árabe brasileiro nasceu em 15 de Outubro de 1929. Era uma fêmea, registrada com o número 8 no livro de Registro e o brasileiríssimo nome Airé, filha de Risfan e que veio no útero de Racbdar, uma das sete éguas importadas por Echenique.
Durante os dez primeiros anos de vida da criação de Cavalos Árabes devidamente registrada no Brasil, apenas as Coudelarias Nacionais de Saycan e de Rincão, além da família Echenique, todos sediados no Rio Grande do Sul, registraram 160 animais. Em 1941 o Departamento animal do Ministério de Agricultura, sediado em São Carlos-SP realizou uma grande importação de Cavalos Árabes. Chegaram da França quatro garanhões e 13 éguas dando início a uma das mais importantes criações brasileiras da época. Em 1955, haviam apenas 620 cavalos Árabes puros registrados, por apenas 4 criações quando o Ministério da Agricultura, através de seu departamento de Campo Grande no Mato Grosso do Sul, deu início a sua criação a partir de cavalos levados de São Carlos. Até à década de 60 os principais criadores brasileiros continuavam sendo o Ministério da Agricultura, o governo do Rio Grande do Sul e família Echenique que registraram juntos mais de 98% dos cavalos da época. Fora isso três criadores do Rio Grande Sul influenciados por Echenique e quatro criadores de São Paulo levados pelo departamento Animal de São Carlos registram animais. Praticamente toda a produção era dirigida para a utilização nos Regimentos de Cavalaria do Exército e para a regeneração de tropas de fazendeiros através de postos de monta.
A criação do Cavalo Árabe no Brasil começou realmente a mudar quando em 1964, Dr. Aloysio de Andrade Faria importou três garanhões e seis éguas dos Estados Unidos, fundou a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe e reuniu os registros do Rio Grande do Sul e de São Carlos no Stud Book Brasileiro do Cavalo Árabe.
Com a criação brasileira organizada e começando a realizar encontros e exposições, leilões e importações bastaram apenas dez anos para que o número de cavalos atingisse o mesmo número que demorou 35 anos para serem registrados. Essa nova fase da criação brasileira foi até o início da década de 90, foi marcada pelas grandes importações e pela difusão da raça em todo o território Nacional. Chegaram ao Brasil Campeões Nacionais Americanos e Canadenses, reprodutoras de campeões e o Cavalo Árabe passou a ser criado em treze estados brasileiros.
Hoje, 83 anos após o primeiro registro de um Cavalo Árabe no Brasil, a criação brasileira exporta cavalos Árabes para países da América do Sul, América do Norte, Europa, Oriente Médio e Austrália e é reconhecida como uma das mais importantes criações do mundo. Tem cerca de 35 mil cavalos puros registrados, 3241 haras inscritos no Stud Book e é uma das mais destacadas raças no país.
Origem
É uma das mais puras e antigas raças de cavalos do mundo e que praticamente entrou na formação de quase todas as raças modernas. Selecionada no deserto da Península Arábica, entre o mar Vermelho e o Golfo Pérsico, por onde vagavam algumas tribos nômades; a quem se deve a pureza sanguínea na seleção do cavalo árabe e a importância dada às éguas mães - Koheilan, Seglawi, Ibeion, Handani e Habdan, as cinco éguas que serviram de matrizes para as cinco principais linhagens que compõe a raça Árabe até os nossos dias.
Características
Cavalo com altura média de 1.50m, podendo atualmente chegar até 1.58m, possue cabeça de forma triangular com perfil concavo, orelhas pequenas, olhos grandes arredondados e muito salientes, narinas dilatadas, ganachos arredondados, boca pequena, pescoço alto e curvilíneo em sua linha superior, peito amplo, tórax amplo, dorso e lombo médios, garupa horizontal e saída de cauda alta que permanece elevada durante o movimento.
Seu trote e galope são rasteiros, amplos e cadenciados, com muito garbo, tendo temperamento muito vivo e grande resistência. As pelagens básicas são alazã, castanha, tordilha e preta.
Aptidões
Pelas suas características são aptos aos esportes hípicos de salto e adestramento em categorias intermediárias, hipismo rural, enduro e trabalhos agro-pecuários.
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